«A Importância da Reparação ao Coração de Jesus»

D. Gilberto Reis, Bispo de Setúbal O Anjo na segunda aparição disse aos pastorinhos: “oferecei um sacrifício em acto de Reparação pelos pecados com que Ele(Deus) é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. “E na terceira: Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus. “E em 13 de Maio, Nossa Senhora perguntou: “Quereis oferecer-vos a Deus(…) em reparação pelos pecados com que Ele é ofendido” e pelos pecadores? Porquê reparar o Senhor pelos pecados, se Ele está glorioso no Céu e se pela sua morte na cruz refez a aliança com Deus, destruída pelo pecado? Jesus Cristo, em seu Corpo glorioso, não sofre, mas sofre no corpo eclesial de que é a cabeça e sofre no corpo amplo da criação feita n`Ele e para Ele. Também sabemos que Jesus pela morte e ressurreição tirou o pecado do mundo e derramou o Espírito do Pai e do Filho, mas é preciso ensinar cada Homem a encontrar Jesus e a abrir-Lhe o Coração. A Reparação não nasce da exigência de Deus de ser compensado pela ofensa do pecado. Enquadra-se no projecto de Deus de salvar os homens em Igreja; e no ministério do Corpo Místico de Cristo. “Fundada na reparação operada por Cristo, a reparação do cristão actualiza a salvação na história fazendo da sua vida uma oferta de intercessão pelos irmãos”. É consolador saber que na comunhão dos membros do Corpo de Cristo e entre si, nada se pode perder. A reparação ao Coração de Jesus não só cabe no âmbito do mistério da redenção realizada por Jesus na cruz, mas também é um imperativo do amor a Jesus, do amor às pessoas, e também do mistério da Eucaristia. Quem é amigo íntimo de Jesus não pode deixar de escutar o Seu desejo ardente e actual de atrair a Si todos os homens para os salvar. Quem é amigo sincero dos outros não pára até os ajudar a fazer a experiência, por ele feita, do supremo bem que é encontrar-se com Cristo e n´Ele viver. Quem participa na Eucaristia há-de entregar a sua vida pelos outros, como o Papa diz na Exortação Sacramento de Caridade: «A Eucaristia impele tudo o que acredita n`Ele (Cristo) a fazer-se “pão repartido” para os outros e a empenhar-se por um mundo mais justo e fraterno.»(nº.88). Esta reparação não é chorar por Jesus, como Ele mesmo disse às multidões de Jerusalém: chorai antes por vós e por vossos filhos. Esta reparação realiza-se pela oração em que o homem se deixa envolver no amor divino; realiza-se pela conversão permanente a Cristo pela qual o cristão recebe o Seu amor, tem o Seu pensamento e se torna testemunha do Seu Amor; realiza-se ajudando os outros a acolher Jesus. Realiza-se ajudando a destruir as “estruturas de pecado” nascidas do pecado de cada um e que matam a comunhão; e ajudando a criar, em seu lugar, estruturas de vida, pedidas e possibilitadas pela graça divina. Os pastorinhos compreenderam este apelo de Deus feito pelo Anjo e por Nossa Senhora e acolheram-no admiravelmente. E tu caro leitor? In Revista Canção Nova, Junho de 2007.

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