A exortação apostólica pós-sinodal «Igreja na Europa» («Ecclesia in Europa») constitui uma aposta decidida para superar as divisões que fragmentaram o velho continente, inclusive dentro do cristianismo, segundo os participantes na conferência de imprensa de apresentação do documento no qual o Papa recolhe as conclusões do segundo sínodo da Europa, celebrado em Roma de 1 a 23 de Outubro de 1999. O arcebispo de Birmingham (Reino Unido), Dom Vincent Nichols, sublinhou no encontro com os jornalistas, a 28 de Junho, o papel que o cristianismo desempenhou e desempenha na nova Europa. «O elemento chave de todo o documento é a esperança», explicou o prelado inglês, recordando que o facto de que o fio condutor do texto seja o Apocalipse.«O texto do Apocalipse é um texto de esperança escatológica mas ao mesmo tempo de afirmação do presente», declarou. «A Igreja na Europa ocidental deve ser realista em seu papel de revitalização da alma da Europa», disse o arcebispo, que representava a Igreja católica na Europa ocidental. Como exemplo desta contribuição cristã, D. Nichols mencionou o compromisso cristão de acolhida aos imigrantes e refugiados, assim como a promoção das relações inter-religiosas, especialmente com o Islão. Por sua parte, o arcebispo de Lublin (Polónia), Józef Miros Aw Zycinski, afirmou que a exortação apostólica é particularmente «motivo de esperança» para os católicos na Europa do Leste, que até há pouco mais de uma década gravitavam na galáxia comunista. «Estamos agradecidos –confessou– pelos parágrafos nos quais se faz referência à herança cultural europeia (no número 19), nos quais cita expressamente, entre outras, as contribuições do espírito da Grécia antiga e de Roma, as contribuições dos povos celtas, germanos, eslavos, ugrofineses, da cultura judaica e do mundo islâmico». O arcebispo polaco insistiu na importância da nova evangelização na Europa Oriental «que nossos irmãos ortodoxos devem entender não como proselitismo», e insistiu no papel dos cristãos que ajudaram judeus perseguidos durante períodos de perseguição. O cardeal Jan P. Schotte, secretário geral do Sínodo dos Bispos, explicou que João Paulo II decidiu publicar agora a exortação apostólica, quatro anos depois da assembleia sinodal, pois terminaram as discussões da Convenção Europeia e está iminente a entrada de dez novos países na União Europeia.