O Apostolado do Mar tem um papel próprio na nova ordem mundial globalizada, onde se deve considerar os valores do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja. Com o intuito de ajudar a pastoral marítima, João Paulo II escreveu, a 31 de Janeiro de 1997, a Carta Apostólica, sob forma de Motu Proprio, “Stella Maris” sobre o Apostolado do Mar. Dez anos depois, este documento está actual e a “Stella Maris” é desde há muito tempo o apelativo preferido, com que a gente do mar se dirige Àquela em cuja protecção sempre confiou: a Virgem Maria. No último Congresso Mundial do Apostolado do Mar, realizado na cidade do Rio de Janeiro, em 2002, os participantes discutiram sobre os problemas enfrentados pelas pessoas do mundo da pesca, do comércio e dos cruzeiros, sobre as suas famílias e o mundo marítimo em geral. O Congresso repercutiu o grito daqueles que são “vítimas do impacto negativo da globalização”. O Evangelho e a Igreja ensinam, por outro lado, que o valor essencial a ser respeitado deve ser, antes de tudo, a dignidade do homem, e que a economia deve servir ao homem, e não o homem à economia. “A pobreza causada pela globalização selvagem é, de facto, uma das piores violações da dignidade humana” – sublinharam os congressistas. Embora os acordos de pesca bi ou multilaterais, a transferência de novas tecnologias e as maiores oportunidades de trabalho sejam considerados um progresso ou provável benefício, “o custo da globalização é elevado”. De forma impune, o sector “sub-standard” da indústria marítima do comércio e da pesca “engana, abusa, explora e abandona os marítimos e suas famílias, levando-os a uma grande miséria” – declara o documento final. Estruturas Com o intuito de ajudar as gentes do mar, a Carta Apostólica “Stella Maris” realça que, em cada Conferência Episcopal com território marítimo, deve haver um Bispo promotor, com a “tarefa de favorecer a Obra do Apostolado do Mar”. A própria Conferência Episcopal proverá à nomeação do Bispo promotor, preferivelmente entre os Bispos das dioceses que têm porto de mar, indicando a duração do cargo, e comunicará ao Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes os elementos essenciais da nomeação. “Fornecer directrizes ao director nacional, seguir com atenção a sua actividade e oferecer-lhe as oportunas sugestões e conselhos, para que possa desempenhar convenientemente os encargos que lhe são confiados” e “requerer nos tempos estabelecidos e toda a vez que parecer oportuno, um relatório acerca da assistência pastoral dos marítimos e sobre o trabalho realizado pelo director nacional” – são algumas das tarefas apontadas no documento. Consciente de que as regras da nova economia de mercado “amedrontam muitos, mas que estão por enquanto só parcialmente definidas, e sujeitas a discussões consideráveis”, o Apostolado do Mar é chamado a dar um “aspecto humano à globalização do mundo marítimo, e a contribuir na redacção de regras (“governance”) de uma nova ordem mundial, fundada em princípios éticos, na solidariedade e na inviolabilidade da dignidade humana” – pediram os participantes do encontro realizado no Rio de Janeiro. A Obra do Apostolado do Mar tem como tarefas apresentar exortações e sugestões relativas à assistência pastoral da gente do mar. “Vigiar, com a devida prudência, por que esse ministério seja exercido conforme a norma do direito e de maneira digna e frutuosa” e “exercer as funções próprias da Santa Sé em matéria de associações a respeito daquelas que podem existir no âmbito da Obra do Apostolado do Mar” – são sugestões apresentadas pelo Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes. Promover no ambiente marítimo um “espírito ecuménico, vigiando ao mesmo tempo para que ele seja realizado em “fiel harmonia com a doutrina e a disciplina da Igreja” e “oferecer a própria colaboração a todos aqueles que se ocupam deste trabalho apostólico, encorajá-los e apoiá-los, provendo também a corrigir eventuais abusos” – são, igualmente, propostas feitas pelo Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes. Em relação ao papel da mulher na comunidade marítima, os participantes do congresso convidam as “mulheres que ainda não o fizeram, a entrarem, com confiança, no Apostolado do Mar indo além do papel simplesmente doméstico” – concluem.