A hora dos cristãos

Crise política é um desafio O Comunicado do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) sobre a situação política presente lançou um alerta para toda a sociedade e, sobretudo, aos católicos do país: a hora é de transformar. “Que ninguém se esconda por detrás de desculpas habituais: “estamos cansados dos políticos”, “isto não tem solução”, “para quê votar se é sempre a mesma coisa”, etc. Não esqueçamos que só tem direito de criticar e denunciar quem se empenha generosamente na busca de soluções”, escrevem. O tom do documento chega, em certos momentos, a raiar a desilusão em relação aos políticos, acusados de promoverem “um processo contínuo de sublinhar as divergências e as dificuldades”, chegando-se mesmo a afirmar: “não deixemos o futuro do nosso País só nas mãos dos políticos profissionais”. Esta observação retoma o que a CEP escrevera na Nota Pastoral “Crise de sociedade, Crise de civilização”, de 2001, referindo que “é preciso que nos convençamos de que o futuro de Portugal depende de todos nós e não apenas dos Governos”. A presente crise política, gerada com a dissolução do parlamento e posterior demissão do governo, é entendida pela CEP como efeito e um dos sintomas “dos problemas que o País sente”, sem que se julguem causas ou protagonistas. Em relação às eleições de 20 de Fevereiro próximo, os Bispos lembram que “a etapa democrática que agora começa não pode limitar-se a resolver uma crise política, mas deve enfrentar, com serenidade e lucidez, os problemas de fundo do país, apresentando para eles soluções credíveis e viáveis” “É urgente criar uma onda de fundo de entusiasmo por Portugal, em que as legítimas diferenças se transformem em riqueza e não em obstáculo”, aponta o comunicado. Já em 2003 a Carta Pastoral da CEP “Responsabilidade solidária pelo bem comum” defendia “uma nova atitude perante os problemas, marcada pelo dinamismo da esperança, que se exprime no discernimento crítico dos problemas sociais, na denúncia de todas as formas de exclusão e de egoísmo e na participação solidária e responsável nas soluções”. A hora dos cristãos passa, então, pela “participação responsável”, “consciência crítica” e “escolha responsável”, ultrapassando o “discurso eleitoralista”. As comunidades cristãs são convidadas a “uma análise em grupo” e à “discussão crítica das propostas” que vão ser feitas, em momentos formais e informais. Aqui a questão da pertença partidária é remetida em segundo plano, quando em relação com o bem do país: “forcemos os partidos a porem o acento da sua intervenção na qualidade das propostas que nos fazem, na competência e dignidade das pessoas e não apenas nos discursos que o ambiente de campanha habitualmente inflama”, refere a CEP.

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