Luís Reis Lopes, Departamento Nacional da Pastoral Familiar
Vivemos tempos muito especiais, marcados por importantes mudanças ou ambientes, que exigem grandes alterações a nível social, económico e politico.
Apesar do esforço que a humanidade tem feito para se libertar dos constrangimentos provocados pela natureza, continuamos muito influenciados por ela. Não somos indiferentes aos ciclos, aos aniversários, aos ritmos, daí a importância de percebermos que estamos no final de um ciclo civilizacional e no início de um novo ciclo marcado por certos valores e vetores.
Ao fim de 12 meses dizemos que temos um novo ano. Porque não dizer que ao fim de 12 anos temos um novo ciclo? Neste ano de 2013 temos razões mais fortes para o afirmar. Sempre associámos o 13 à sorte ou ao azar mas, considero mais correto associá-lo à mudança. Mudança que pode ser boa ou má, positiva ou negativa, mais libertadora ou escravizante.
No que toca à família vivemos tempos muito difíceis, em que a família foi e é muito atacada. O número de divórcios é enorme, os nascimentos fora do casamento também, os conflitos e a violência doméstica a mesma coisa e por fim as agressões aos menores, um verdadeiro escândalo. É difícil imaginar pior cenário e por isso quase impossível mudar para pior. A nossa esperança é que este ciclo que se inicia em 2013 traga boas notícias para as famílias.
Mas é possível promover a família neste quadro de instabilidade económica, social, politica? Com a falta de emprego, sem perspetiva de vida e realização pessoal o modelo de família cristã, como a concebemos, poderá sobreviver? A minha resposta é: só por milagre.
Creio que, nem a sociedade nem a Igreja, perceberam a gravidade do momento que vivemos e da urgência de encontrar soluções. A família tem sido esquecida pelos governantes e por essa nova divindade que são os mercados. Assim como a natureza que é bajulada em discursos e compromissos internacionais e depois é destruída no dia-a-dia, a família também é muito elogiada mas pouco apoiada, protegida, incentivada.
Os números saltam à vista: mais mortes que nascimentos, mais divórcios que casamentos. Não serão estes os sinais que fazem redobrar os sinos?
Acordar as consciências para a realidade da família é também uma obrigação dos agentes da pastoral familiar. Perceber novos fenómenos sociais e culturais que influenciam a formação de uma família e que também as podem pôr em risco é nossa obrigação.
É urgente mudar de caminho e reconhecer que ainda existe capacidade para contrariar as atuais tendências. O sal ainda não perdeu a sua força e o fermento tem de se misturar com a massa. Sobretudo em Portugal onde as famílias possuem um património espiritual, religioso, cultural maravilhoso.
Criar condições, um ambiente favorável, para o desenvolvimento de modelos de economia amiga das famílias, novos equipamentos comunitários, deve ser tarefa de todos.
Acredito que este é o tempo favorável. Sobretudo depois da atitude lúcida, humilde e corajosa do Papa Emérito Bento XVI que percebeu os “sinais dos tempos”, a Vontade do Pai, e preparou a Igreja para este novo Ciclo que agora se abre, que deve dar uma maior atenção às famílias.
Só uma Igreja que seja uma família de famílias, próxima do modelo apostólica, que tenha coragem de romper com o modelo imperial que ainda vigora, poderá ser libertadora. O Concilio Vaticano II, que este ano celebramos o seu quinquagésimo aniversário, foi fundamental para criar as condições dessa renovação. Chegou o tempo de aprofundar tudo o que o Espirito Santo nos tem ensinado e libertar as famílias deste pesadelo suicida que esta sociedade as quer condenar.
Um novo ciclo de conversão e libertação é possível e creio desejado pelo Espirito Santo que renovará a face da terra.
Que esta Semana da Vida que estamos a celebrar, com o lema: dá mais vida à tua vida, possa ajudar as famílias a perceberem que é em Jesus Cristo que encontrarão mais força para construírem a “civilização do amor”.
Neste Ano da Fé precisamos de reaprender em família, a seguir o Caminho da Verdade para experimentarmos a Vida que nos é prometida.
Boa Semana da Vida!
Luís Reis Lopes, Departamento Nacional da Pastoral Familiar