A evangelização dos ciganos é uma missão de toda a Igreja

Dia Nacional do Cigano assinalado a 24 de Junho Estas palavras do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, no seu recente documento “Orientações para uma Pastoral dos Ciganos” (1) reflectem a “missão universal da Igreja” (2) no seio da qual “todos os homens são chamados a formar o Povo de Deus” (3). A Igreja em Portugal, através da Conferência Episcopal Portuguesa, criou em 1972 a actualmente designada Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos que impulsionaria ou daria origem a Secretariados Diocesanos da Pastoral dos Ciganos, alguns dos quais têm tido uma notável actividade evangelizadora e social junto das comunidades ciganas em Portugal. O lema do Dia Nacional do Cigano que se celebrará este ano pela primeira vez no dia 24 de Junho, dia tradicionalmente festejado pelos ciganos portugueses, é “Conhecer para Interagir”. Com efeito, só se ama o que se conhece. Aos missionários, a Igreja pede que “devem conhecer os homens com quem convivem e levar as relações com eles a um diálogo sincero e compreensivo, para que venham a conhecer quantas riquezas Deus, na sua magnanimidade deu aos povos” (4). As “Orientações” recomendam que “a diversidade cigana” deve ser adequadamente valorizada, reconhecendo o pleno direito que ela tem a existir (5). Daí que, na esteira da sua catolicidade, a Igreja se deva tornar “num certo sentido, ela própria cigana entre os ciganos, para que eles possam participar plenamente na vida da Igreja” (6). No Portugal de hoje, múltiplos problemas de carácter social e de comunhão eclesial se põem no relacionamento com as comunidades ciganas. Todos eles se resolveriam se houvesse a vontade mútua de escutar a diversidade cultural. “Só gradualmente, e muito lentamente, algumas comunidades (católicas) se abriram ao acolhimento” (7). Assim, a indiferença, a oposição, a rejeição persistem: “esta situação deveria despertar a consciência dos católicos, suscitando sentimentos de solidariedade para com” as populações ciganas (8). Por outro lado, “especialmente tendo em vista as gerações futuras”, é necessário superar a carência do conhecimento da “necessidade da educação, da qualificação profissional e da iniciativa e responsabilidade pessoais como condições indispensáveis para alcançar uma qualidade de vida pelo menos digna” (9). O processo de integração da cultura cigana “no seio da cultura da sociedade circundante deve ser decididamente impulsionado, o que implicará uma atitude de acolhimento por parte desta última” (10). O associativismo cigano deve assumir a importância que tem como interlocutor para “delinear as vias de desenvolvimento. Para tal, este associativismo deve adquirir competência e seriedade nas suas iniciativas, de modo a representar toda a sua população e a ser consultado pelos Poderes públicos “ (11). O Papa João Paulo II convida-nos “ ‘a promover uma espiritualidade de comunhão’, que significa sobretudo partilha das alegrias e dos sofrimentos alheios, com intuição dos seus desejos, e encarregar-se das necessidades de cada um, para oferecer a todos uma verdadeira e profunda amizade” (13). Que neste Dia Nacional do Cigano, a Igreja em Portugal se proponha caminhar para a comunhão com as populações ciganas portuguesas e que estas, sentindo-se compreendidas e acolhidas pela Igreja Católica, colaborem na superação da distância que infelizmente ainda separa muitas delas de uma vida digna e plenamente participada na cidadania cigana e portuguesa. 22 de Junho de 2007 Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos Francisco Monteiro Director Executivo Notas (1) Orientações para uma Pastoral dos Ciganos (designadas nesta Mensagem como “Orientações”), People on the Move, April 2006, Conselho Pontifício da Pastoral para o Migrantes e Itinerantes, Cidade do Vaticano, 2005, p. 187. (2) Ibidem, nº 3. (3) Concílio Ecuménico Vaticano II (Vat II), Constituição Dogmática sobra a Igreja Lumen Gentium, nº 13. (4) Vat II, Decreto sobre a actividade missionária da Igreja, Ad Gentes, nº 11. (5) “Orientações”, nº 34. (6) Ibidem, nº 38. (7) Ibidem, nº 20. (8) Ibidem. (9) Ibidem, nº 41. (10) Ibidem, nº 43. (11) Ibidem, nº 54. (12) Ibidem, nº 99. (13) Novo Millenio Ineunte, nº 43, citado nas “Orientações”, nº 102.

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