A esperança como forma de vida

Dar lugar à esperança no mundo a que pertencemos. Ser esperança, ter olhares de esperança e assumir essa postura de vida. A Fundação Betânia, através dos encontros de reflexão, quis enaltecer esta virtude fundamental quer para a realização humana, como para a construção do viver colectivo Manuela Silva, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Betânia, recorda à Agência ECCLESIA que, na génese da escolha está o autor francês Charles Péguy, que escreveu um poema de exaltação da esperança como virtude. «La petite espérance» personifica a irmã mais nova que leva pela mão as outras duas irmãs – a caridade e a fé. A escolha desta expressão prende-se com a importância de mostrar a esperança como uma virtude a que se dá menos importância, “fala-se mais do amor e da fé”, mas na realidade “é a esperança que conduz a fé e o amor”, adverte Manuel Silva. A realidade que se apresenta dá conta de um mundo que vive frustrado, decepcionado e temeroso – facto compreensível face às grandes transformações e convulsões pelas quais passamos, nota a Presidente da Fundação. Mas porque também os cristãos vivem actualmente o tempo litúrgico do advento, naturalmente o tempo da esperança, a reflexão sobre um olhar positivo merecia espaço. O encontro foi orientado por Artur Morão, antigo professor na Universidade Católica actualmente a leccionar Filosofia no ensino secundário é possuidor de uma vasta espiritualidade e capacidade simples de comunicação, aliada a uma grande cultura, resultando num contributo “muito positivo para a reflexão proposta”. A Encíclica Spe salvi (Salvos na esperança) foi instrumento recorrente no encontro. Após leitura e meditação, Manuela Silva aponta a importância dos conteúdos da Encíclica, acrescentando que todas as comunidades e cristãos deveriam aprofundar e perceber as ressonâncias que a palavra do Papa tem nas situações concretas da vida. O documento faz uma reflexão teológica “fundamental na formação enquanto cristãos”, mas também porque se centra numa análise do mundo “que nos compete fazer”. Especificamente em Portugal, tal reflexão ganha maior importância, nos contextos sociais e eclesiais. Manuela Silva aponta uma sociedade “muito deprimida”, quando se descura o que “de positivo está à nossa volta, que é muito” – a paz, viver com os bens materiais necessários, com progresso económico e científico, ou seja, um mundo cheio de desafios e potencialidades. Manuela Silva não rejeita os muitos problemas que existem por resolver, “mas não é com depressão que eles se resolvem”, antes “vivendo na realidade concreta, sempre no horizonte da esperança”, procurando as soluções para as dificuldades e percebendo o que “está ao nosso alcance”. As pessoas são também elas sinais de esperança, mas a atitude interior de aprofundamento sob a forma de estar na vida confere a positividade, caso contrário “passamos pelos sinais de esperança sem dar por eles”. A Fundação Betânia surge como um espaço privilegiado para o encontro pessoal, com o outro, com o mundo. Espaços de silêncio e interioridade confrontam a pessoa com o que existe de “mais essencial na vida humana”, apresenta Manuela Silva. A Fundação Betânia, a par dos encontros mensais que propõe, acolhe também quem opte por viver um tempo de silêncio e contacto com a natureza. O site na Internet é também um meio privilegiado de comunicação. Recentemente foi inaugurado um espaço virtual “Ler a Bíblia”, orientado por uma teóloga habitual colaboradora da Fundação, Nicoletta Crosti. A par desta novidade, novos conteúdos em espaços habituais como as sugestões de leitura, numa forma de dar cumprimento aos objectivos de reflexão, de interioridade, de cultivo da espiritualidade, evidenciado num testemunho de vida fraterna.

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Agência ECCLESIA

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