A cruz escondida

Após mais um Natal em guerra, Igreja da Ucrânia agradece toda a ajuda

“Obrigado por tudo!”

Líderes da Igreja Ucraniana enviaram, nas últimas semanas, saudações de Natal à Fundação AIS, agradecendo o apoio material e espiritual ao longo destes quase três anos de guerra. Nas suas mensagens, destacam os desafios que o país enfrenta, como o aumento dos níveis de ‘stress’ das pessoas e a escassez de recursos em várias regiões.

“Obrigado por tudo o que fazem. Obrigado!”, diz o Núncio Apostólico na Ucrânia, Arcebispo Visvaldas Kulbokas, na sua mensagem de Natal à Fundação AIS. Enquanto a guerra na Ucrânia continua, a Igreja local está a enfrentar desafios cada vez mais difíceis. Vários líderes da Igreja expressaram a sua gratidão, descrevendo o apoio da Fundação AIS como crucial tanto em termos de assistência humanitária como para o reforço da fé. No entanto, afirmam também que continuam a surgir novas realidades, como o aumento do sofrimento psicológico causado pelo prolongamento da guerra e a escassez de recursos essenciais em muitas regiões, o que está a pôr em risco a sobrevivência das comunidades afectadas. O Arcebispo Sviatoslav Shevchuk, chefe da Igreja Greco-Católica Ucraniana, expressou a gratidão de toda a Igreja e de todo o povo da Ucrânia, afirmando que a cooperação da Fundação AIS tem sido da maior importância. “Obrigado por nos ajudarem a salvar vidas humanas na Ucrânia.” Por sua vez, o Arcebispo Mieczysław Mokrzycki, responsável pelos católicos latinos na Ucrânia, também agradeceu aos benfeitores da Fundação AIS pela ajuda humanitária durante a guerra e pediu-lhes que “continuem a rezar e a ajudar os padres e religiosas, que trabalham com as pessoas neste período difícil”, acrescentando: “Pedimos também que rezem para que esta guerra termine o mais depressa possível”.

“As pessoas têm falta até do essencial…”

Nas últimas semanas, foram várias as mensagens de Natal recebidas pela Fundação AIS Internacional oriundas da Ucrânia. Uma delas foi a do Bispo Auxiliar de Lviv, D. Eduard Kava, que destacou o apoio dado à formação dos jovens. “Graças ao vosso apoio, podemos fazer muitas coisas boas, especialmente com os jovens”, disse. “Neste momento, no nosso centro pastoral perto de Lviv, estamos a realizar uma celebração para os jovens, onde rezam juntos e se formam para servir na Igreja. Desejo-vos um Feliz Natal, com todas as bênçãos de Deus. Que o Senhor vos abençoe e vos guarde”. Todos os representantes da Igreja Católica no país concordam que a ajuda continua a ser muito necessária. “Em áreas como Kharkiv, Zaporizhzhia e Odessa, as pessoas têm falta até do mais essencial: pão, água, aquecimento e electricidade”, diz o Arcebispo Kulbokas. “Noutras regiões, o mais importante é a ajuda para acolher os refugiados. E, claro, a assistência psicológica para toda a gente, não só para os militares e as famílias, mas também para os padres, as religiosas, os voluntários… Porque três anos de guerra produziram muitas dificuldades a nível psicológico”. O Núncio Apostólico sublinhou também que, embora a ajuda material continue a ser muito importante, há igualmente uma necessidade muito grande de assistência espiritual.

“Estamos a receber muita, muita ajuda…”

Exemplo concreto do apoio que a Fundação AIS tem dado à Igreja da Ucrânia é o Padre Lucas Perozzi. No dia 19 de Novembro, quando se assinalaram os primeiros mil dias de guerra, este sacerdote brasileiro do caminho Neocatecumenal, e que se encontra actualmente na Paróquia do Espírito Santo, em Bayarka, perto de Kiev, descreveu, e agradeceu, alguma da ajuda que tem recebido da fundação pontifícia. “Em relação à Fundação AIS, estamos a receber muita, muita ajuda”, sintetizou o Padre Lucas. Desde o apoio para o aquecimento de salas destinadas ao acolhimento de pessoas que em suas casas não têm como se aquecer, à ajuda para a mobilidade dos sacerdotes e religiosas – “o meu carro foi dado pela Fundação AIS”, confessa o sacerdote –, ao apoio para a formação de agentes da Igreja para a questão do trauma, há um quase sem-número de exemplos do que tem representado a solidariedade dos benfeitores da Fundação AIS nestes quase três anos de guerra. O Padre Lucas sublinha a importância da formação na questão dos traumas. “Temos de nos qualificar para sabermos trabalhar com as pessoas que estiveram na frente da guerra, com pais que perderam os filhos, com filhos que perderam os pais… tudo relacionado com os traumas, e isso não é fácil. É um problema novo para nós”, conclui o Padre Lucas Perozzi.

Paulo Aido

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