Fundação AIS promoveu mais de duas dezenas de acções de solidariedade
“Acima de tudo, demos esperança”
O ano de 2024 termina com a Fundação AIS a mobilizar os seus benfeitores e amigos em Portugal para uma campanha de ajuda de emergência em favor dos Cristãos da Síria, país que está a viver dias históricos com a queda do regime. Mas este é apenas um exemplo das acções de solidariedade e de oração promovidas pela Ajuda à Igreja que Sofre no nosso país. Foram mais de duas dezenas de campanhas que mobilizaram milhares de portugueses e que permitiram acudir a milhões de cristãos em inúmeros países. Como sublinha Catarina Bettencourt, directora da Fundação AIS em Portugal, “acima de tudo, demos esperança…”
“Chegamos ao fim do ano com o sentimento de que há sempre muito por fazer no apoio aos Cristãos perseguidos, no apoio à Igreja que sofre em tantos lugares do mundo”, reconhece a directora do secretariado português da Fundação AIS. Todos os meses, além da ajuda concreta destinada a algum país, a alguma diocese, a Fundação AIS mobilizou também os seus benfeitores e amigos em Portugal para rezarem pelos cristãos perseguidos, pelos que, por causa da sua fé, são vítimas de violência, do ódio e do desprezo às vezes até da própria sociedade. “Todas as campanhas que promovemos revelaram-se essenciais”, afirma Catarina Bettencourt. “Agora que estamos a chegar ao fim do ano, e olhando para trás, para o que foi feito desde Janeiro até Dezembro, temos a convicção absoluta de que, graças à solidariedade dos Portugueses, graças às campanhas que foram realizadas, salvámos vidas concretas, salvámos pessoas, alimentámos quem estava a passar fome, demos roupa a quem não tinha que vestir, demos educação às crianças e jovens, demos abrigo a quem perdeu tudo, por causa da guerra e dos ataques terroristas, mas, acima de tudo, demos esperança. Penso que isso é mesmo o mais importante: demos esperança”, diz ainda a directora do secretariado nacional da Fundação AIS.
Síria, Burquina Fasso, Líbano…
De facto, a campanha mais recente promovida em Portugal pela Fundação AIS destina-se à ajuda aos Cristãos na Síria, surpreendidos pela queda do regime em pouco mais de uma semana. Mas, ao longo do ano, foram muitas as iniciativas de ajuda concreta promovidas pelo secretariado nacional da fundação pontifícia. Ainda em Novembro, por exemplo, foi lançada uma campanha em favor dos Cristãos do Burquina Fasso, e em Outubro, a ajuda principal foi canalizada para o Líbano, em resultado da situação de guerra neste país. Neste caso, tratou-se de uma campanha internacional, que envolveu todos os secretariados, mas que mobilizou e muito a equipa em Portugal que lançou uma iniciativa concreta, “SOS Líbano”, para ajuda a milhares de famílias em Tiro, Sidon e também Beirute, a capital. Por vezes, as comunidades cristãs precisam de ajuda por causa não apenas das guerras, ou da violência terrorista, mas também por calamidades naturais. Foi o que sucedeu em Setembro, com as piores cheias dos últimos 30 anos na Diocese de Maiduguri, na Nigéria. Em Junho, as atenções estiveram voltadas para a terrível guerra no Sudão, que ceifou já milhares e milhares de vidas e tem levado milhões a fugir, naquela que é, neste momento, uma das mais graves crises humanitárias no planeta. E muitos fugiram já para o Sudão do Sul. E a Igreja local pediu apoio e a Fundação AIS em Portugal mobilizou-se logo e avançou com uma campanha para ajuda concreta para o campo de Malakal, que passou a ser a casa provisória de milhares de deslocados.
Cabo Delgado, em Moçambique, e Ucrânia
Muito significativa foi também a campanha lançada em Portugal de apoio à Igreja em Cabo Delgado, em Moçambique, tal como a de apoio à Igreja da Ucrânia. Durante o tempo da Quaresma, os Portugueses foram convidados a “curar as feridas da guerra” neste país no centro da Europa. Além das campanhas de ajuda directa à Igreja, o trabalho da Fundação AIS teve também uma profunda vertente na área da informação e de sensibilização da opinião pública para as questões da perseguição religiosa e da perseguição aos Cristãos. Sinal disso, em Novembro foi divulgado em Lisboa o Relatório “Perseguidos e Esquecidos?”, sobre a violência contra os Cristãos no mundo. O lançamento do relatório inseriu-se numa iniciativa mais vasta, que envolveu inúmeras paróquias e instituições em Portugal, em que dezenas de igrejas e monumentos foram iluminados de vermelho, simbolizando desta forma o sangue dos mártires. Semanas antes, Portugal acolheu também o Arcebispo de Erbil, no Iraque, que veio recordar como tem sido difícil a vida dos Cristãos que há apenas 10 anos, no Verão de 2014, chegaram a ser expulsos das suas casas, das suas aldeias na Planície de Nínive.
Gestos que fazem a diferença
Mas o ano de 2024 ficou também marcado por muitos momentos de oração e de solidariedade. Em Outubro, por exemplo, a Fundação AIS juntou mais de 1 milhão de crianças em todo o planeta a rezar pela paz e, em Maio, centenas de portugueses responderam também ao desafio lançado pela Fundação AIS e rezaram o Rosário ininterruptamente durante todo o mês. E houve até iniciativas que correram mundo. Foi o que aconteceu com Sílvia Duarte, uma cabeleireira que decidiu participar numa corrida de atletismo em Lisboa para chamar a atenção para o drama do terrorismo em Cabo Delgado. Foi em Maio, a notícia galgou fronteiras, chegou até Moçambique e, em Outubro, de passagem por Lisboa, o próprio Bispo de Pemba fez questão de se encontrar com ela para lhe dar um abraço sentido em nome de todos os moçambicanos que enfrentam o flagelo do terror. Sílvia Duarte, uma cabeleireira, correu com as cores da Fundação AIS e conseguiu arrecadar com esse gesto solidário cerca de 5 mil euros. “É isto que me faz sentir útil ao mundo”, disse ao saber que a sua corrida tinha sido um sucesso! Um sucesso de tal forma inspirador que no próximo ano já está a planear novas iniciativas…
Paulo Aido