Fundação AIS lança campanha para as crianças cristãs do Líbano
Quanto vale um lápis?
A Igreja do Líbano pede ajuda para o regresso às aulas de cerca de 22 mil crianças cristãs. Em causa está o apoio para coisas tão básicas como canetas, cadernos ou borrachas. Pode parecer pouco, mas para as famílias libanesas o dinheiro já não chega sequer para a comida, para o pão do dia-a-dia, quanto mais para o cabaz escolar dos filhos…
Todos os dias a Fundação AIS recebe, em Lisboa, dezenas de cartas. Muitas vezes, são pedidos de ajuda. Foi o que aconteceu com a Irmã Dalida Hoyek, das Maronitas da Sagrada Família. Ela escreveu a pedir ajuda para as cerca de 22 mil crianças que frequentam as 89 escolas da sua congregação no Líbano.
A profunda crise financeira e política em que se encontra este país do Médio Oriente está a encurralar os libaneses para uma situação trágica. Segundo dados da ONU, cerca de 80 % da população vive já abaixo do limiar de pobreza. A inflação galopante levou à miséria quase todas as famílias e faz escassear à mesa os bens essenciais, a começar pelo pão…
É neste contexto que agora, neste mês de Setembro, se está a dar início a mais um ano lectivo. Imagina-se a angústia dos pais, que não conseguem sequer providenciar uma alimentação normal para os seus filhos, terem de lhes comprar as coisas básicas para que as crianças possam começar as suas aulas. Poucas pessoas conhecerão melhor os dramas destas famílias do que a irmã Dalida. Todos os dias ela escuta lamentos, pedidos de ajuda. Todos os dias ela vê como se torna mais e mais difícil a permanência dos cristãos neste país do Médio Oriente.
A agravar tudo isto, há dois anos, no dia 4 de Agosto, ocorreu uma brutal explosão no porto de Beirute que causou cerca de duas centenas de mortos e mais de 6500 feridos. O bairro de Achrafieh, situado na zona e habitado na sua maioria por cristãos, foi dos mais atingidos. Ainda hoje, 25 meses depois, as marcas da explosão estão presentes como uma cicatriz que teima em desaparecer. Para todas estas famílias, sobreviver é, de facto, uma tarefa gigantesca e inglória. Até no fornecimento da luz e dos combustíveis se percebe o estado de colapso em que se encontra o país. Por dia, não há mais do que duas horas de electricidade, mas também não há dinheiro para medicamentos, para comida, para pagar as rendas das casas, para nada…
Uma criança, um sorriso
Quando escreveu à Fundação AIS, a Irmã Dalida já sabia que os portugueses são um povo solidário e que têm o Líbano presente nas suas orações. O que ela nos pede é que apoiemos as suas crianças, cerca de 22 mil, todas oriundas de famílias cristãs muito pobres, para que possam ter uma mochila com um cabaz escolar básico, com lápis, esferográficas, cadernos, borrachas… E também uma Bíblia. Apenas isso. Pode parecer pouco, mas para estas crianças será extraordinário. “Em nome da Congregação, e especialmente em nome das famílias libanesas que beneficiam da vossa ajuda, expresso a nossa gratidão aos queridos benfeitores em Portugal, não só pelos donativos, mas também pelo apoio espiritual e orações”, escreveu a irmã na carta enviada para Lisboa. “No meio dos sofrimentos e constrangimentos em que as famílias no Líbano estão imersas, agradecemos a Deus pelos amigos portugueses que nos apoiam e nos assistem, e que por isso nos proporcionam uma nova fonte de esperança”, acrescentou.
O desafio foi lançado e é aqui que entramos nós. A generosidade dos portugueses pode fazer, uma vez mais, toda a diferença. A educação destas crianças cristãs libanesas depende também de nós. O projecto “1 cabaz escolar = 1 Sorriso”, da Fundação AIS, tem como objectivo não só auxiliar estas crianças no regresso às aulas, mas contribuir para que as famílias cristãs permaneçam no Líbano, assegurando também os empregos dos professores. O futuro do cristianismo nesta região depende também disso. É esse o valor dos lápis, cadernos e canetas que a Fundação AIS quer oferecer às crianças cristãs do Líbano…
Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt