A cruz escondida

UCRÂNIA: O mundo uniu-se em oração pelo fim “dos horrores da guerra”

A força do amor

A oração pela paz uniu milhões de pessoas no mundo inteiro a pedido do Papa Francisco. Foi na Quarta-feira de Cinzas, o sétimo dia de guerra na Ucrânia. Umas horas antes, o Arcebispo da Igreja Greco-Católica Ucraniana lembrava a mensagem de Nossa Senhora aos pastorinhos, em Fátima, e pedia a todos os Cristãos para rezarem pela conversão da Rússia…

O início da Quaresma deste ano ficou marcado pelo forte apelo do Santo Padre para uma jornada de oração pela paz. Um apelo que seria sublinhado por inúmeros responsáveis da Igreja um pouco por todo o mundo.  Foi o caso de Thomas Heine-Geldern, presidente internacional da Fundação AIS, e de D. Sviatoslav Shevchuk, Arcebispo da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Ao sexto dia de guerra, o prelado enviou uma mensagem pedindo para que todos os Cristãos rezassem pelo fim do conflito armado, invocando necessidade da conversão da Rússia e as palavras da Virgem de Fátima aos pastorinhos em 1917. “Peço-vos que rezeis não só pela paz na Ucrânia, mas também pelos nossos inimigos, pela sua conversão, pela conversão da Rússia. Como a Virgem de Fátima nos pediu.” D. Sviatoslav falou nos “horrores da guerra”. que classificou como “sangrenta e injusta”. E descreveu esse horror. “Vimos escolas, creches, cinemas, museus destruídos, e pela manhã um rocket atingiu a zona da maternidade num hospital. Nós perguntamos, mas porquê? Trata-se de mulheres e bebés. Porque se tornaram eles vítimas desta guerra?”

É neste contexto, de quem assiste impotente à morte de inocentes, à fuga de milhares de pessoas, essencialmente crianças e mulheres, e à destruição do seu país, que o Arcebispo apelou à oração, à resistência contra a crueldade e o mal, mesmo que isso possa acarretar um elevado custo, um elevado sacrifício… “Nós rezamos. Nós resistimos. Somos uma nação que constrói, que defende a paz na Ucrânia e em todo o mundo à custa do seu próprio sangue. Rezamos pelos nossos soldados, rezamos por todos aqueles que hoje apoiam a luta pela paz na Ucrânia.”

Rezar e resistir

D. Sviatoslav, que participou numa conferência de imprensa promovida pela Fundação AIS no início de Fevereiro, em que se referia aos padres que estão junto do povo mesmo nas regiões ameaçadas pela guerra como “os heróis do nosso tempo”, voltou a sublinhar a coragem dos que não arredam pé junto das populações, mesmo debaixo de bombardeamentos, de ataques, de violência extrema. “Nestes dias temos visto o heroísmo das pessoas comuns. Choramos as vítimas dos ataques com mísseis em Kharkiv, mas também vimos os habitantes de Berdyansk expulsarem as forças armadas da sua cidade com as próprias mãos ao som do slogan ‘Berdyansk é Ucrânia’. E a bandeira ucraniana permaneceu hasteada sobre a câmara municipal…” E D. Sviatoslav acrescentou ainda, lembrando as palavras de Cristo, de que ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos. “Vemos que não é o ódio que vence, mas o amor. O amor gera heróis e o ódio gera criminosos. É por isso que encorajo todos vocês a aprenderem a amar neste momento trágico.” Não deve haver tempo mais difícil para se aprender a amar do que durante uma guerra. Mas, como explicou também nessa mensagem o Arcebispo da Igreja Greco-Católica e um dos grandes amigos da Fundação AIS na Ucrânia, o mais importante é que ninguém se deixe dominar pelo ódio. E lembrou a sabedoria popular que diz que quem odeia o inimigo já está derrotado por ele. Por isso, com a certeza da fé e sabendo da solidariedade dos Cristãos em todo o mundo, D. Sviatoslav disse que os Ucranianos iriam vencer a guerra “com a força do amor”. Nenhum general desdenhará, seguramente, destas palavras que nascem do fundo do coração.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

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