A comunicação como missão

Padre Jaime C. Patias, IMC, Diretor do Secretariado Geral Comunicação.

Sou missionário da Consolata e vivo o meu serviço no Secretariado Geral para a comunicação como uma verdadeira missão. Isso porque missão e comunicação andam juntas. A origem dessa unidade se encontra na identidade da Igreja e no carisma herdado do Fundador, São José Allamano.

O Concílio Vaticano II no Decreto Ad Gentes (AG) afirma que a missão brota do “amor fontal” do Pai, um amor que não se contém, mas transborda (AG 2), ou seja, se comunica, sai de si mesmo devido à sua natureza missionária. A missão vem de Deus porque Deus é Amor que se comunica.

Esta missão de Deus manifesta-se no envio do Filho, Jesus Cristo, o Verbo feito carne (cf. Jo 1,14). A Palavra que comunica vida. A missão de Deus revela-se no dinamismo do Espírito, o protagonista da missão que empurra a Igreja “para fora de si mesma a fim de evangelizar todos os povos” (GS 261). Essa é a sua vocação, sua identidade e razão de existir: cooperar na missão de Deus.

A comunicação sempre foi uma necessidade para a Igreja. Desde os primeiros tempos do cristianismo, a transmissão da fé dependia do testemunho oral e escrito dos discípulos. A tradição apostólica, os evangelhos e as cartas paulinas são exemplos de como a Igreja sempre precisou comunicar para evangelizar. E ao longo dos séculos, a Igreja utilizou os diversos meios tecnicos para anunciar a Boa Notícia.

Ao fundar o Instituto Missões Consolata (1901), São José Allamano (1851-1926), sabia muito bem da importância da comunicação na missão como parte integrante do carisma. Ele fez do Santuário da Consolata em Turim, um lugar de missão e comunicação. Comunicava-se por meio de conferências, homilias, meditações e cartas. Utilizava o jornal “La Consolata” (1899), atual revista Missioni Consolata, para publicar notícias e fotografias sobre as missões, enviadas pelos missionários. Com isso os acompanhava, mas também servia para gerar cooperação na Igreja local. Esse estilo de vida do Fundador é uma inspiração para nós missionários comunicadores.

Hoje somos uma comunidade internacional e multicultural presente em 28 países de quatro continentes. A comunicação é o quinto Continente. Este contexto é rico e diversificado e oferece a oportunidade de contar muitas histórias que nutrem a vida, inspiram esperança, consolação, justiça e paz. Desde as periferias do mundo, os missionários dão voz aos gritos dos povos, partilham situações de conflito e de guerra.

O Secretariado Geral para a Comunicação não é um simples instrumento burocrático, mas um lugar de encontro, comunhão, partilha e comunicação sobre a vida e a missão. Aqui se vive a missão de comunicar. Para isso, contamos com a colaboração de uma rede formada por missionários e profissionais que trabalham nesse serviço, nas nossas diversas presenças no mundo. Portanto, a comunicação é parte integrante do carisma e um modo de viver a missão ad gentes.

O sítio oficial (www.consolata.org) é um coletor, organizador e distribuidor de conteúdo. Temos também o sítio Consolata América (em português e espanhol) e o sítio Consolata África (em inglês e francês). Na tentativa de superar as barreiras geográficas e linguísticas publicamos em cinco línguas gerando maior comunhão.

Comunicamos em diferentes plataformas e com meios técnicos. No entanto, como nos alerta o Papa Francisco, “não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do ser humano e a sua capacidade de fazer bom uso dos meios à sua disposição”. Como uma missão, a comunicação deve ser feita com convicção e coração. “Com zelo”, diria São José Allamano, porque “se o coração não arder, os pés não andam”. Comunicação é missão!

* Padre Jaime C. Patias, IMC, Diretor do Secretariado Geral Comunicação.

Em Parceria com a Missão PRESS (mensalmente no dia 24) 

(Os artigos de opinião publicados na secção ‘Opinião’ e ‘Rubricas’ do portal da Agência Ecclesia são da responsabilidade de quem os assina e vinculam apenas os seus autores.)

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