A celebrar os 30 anos da minha entrada no Seminário Maior do Porto (setembro de 1995)

Cardeal Américo, Bispo de Setúbal

Foto Agência ECCLESIA/PR

Frequentado o Pré-Seminário da Diocese do Porto (gratidão aos Padres Jorge Madureira , Fernando Silva e Joaquim Santos), em 1993 entrei no Seminário como aluno externo… mas apenas por alguns meses. Deus tinha outros planos e caminhos.

No mês de setembro de 1995, jovem e cheio de esperança, entrei no Seminário Maior do Porto. Como o Seminário da Sé estava cheio, o nosso curso tinha mais de 20 seminaristas, teve de ir para o Seminário do Bom Pastor, em Ermesinde. Gratidão ao Cónego Dr Sousa Marques, P Carneiro, P Andrade, P José Nuno e P João Pedro).

Hoje, trinta anos depois, o meu coração enche-se de gratidão ao recordar esse primeiro passo no caminho que me trouxe até aqui.

E senti a necessidade de expressar esta gratidão, junto de todos os que me quiserem ler.

Começo por dar graças a Deus pelos bispos do Porto que me acompanharam:

•D. Júlio Tavares Rebimbas, que me acolheu com uma verdadeira ternura paternal, ajudando-me a sentir que a Igreja era verdadeiramente casa e escola de comunhão;

•D. Armindo Lopes Coelho, que, com a sua bondade e confiança, me ordenou presbítero em julho de 2001 e, mais tarde, me nomeou Vigário-Geral;

A minha gratidão estende-se também aos reitores do Seminário, D. António Taipa e o Professor Doutor Jorge Teixeira da Cunha; com sabedoria, exigência e ternura ajudaram-me a discernir e amadurecer a minha vocação. Recordo igualmente todos os padres das equipas formadoras, que foram sinais vivos de Cristo Pastor no meu percurso de formação.

Com emoção permitam-me ainda evocar nomes da grande família do Seminário, merecedores de uma imensa gratidão e oração: a D. Carolina, o Sr. Ferreira, o Sr. Costa, o Pe. Carlos Alberto… acredito que todos estão no céu, a interceder pelo nosso Seminário e pelos seminaristas de todos os tempos.

Não posso esquecer as comunidades paroquiais que me acompanharam e formaram no amor à Igreja: Leça do Balio e Paranhos, verdadeiras escolas de fé e de serviço. De modo particular, agradeço ao Pe. Pedro Gradim, homem de entusiasmo e proximidade, ao Pe. Pedro e à Paroquia de Leça do Balio a quem devo tudo o que sou, e ao Pe. José Magalhães, mestre paciente e pastor zeloso; todos, cada um a seu modo, me transmitiram a paixão pelo Evangelho.

 

Gratidão a D. Manuel Martins

Quero ainda evocar, com especial emoção, a figura de D. Manuel Martins, primeiro Bispo de Setúbal, meu conterrâneo de Leça do Balio e também ele antigo aluno do Seminário Maior do Porto. Inesperadamente e de forma misteriosa, a Providência quis que eu viesse a suceder-lhe como IV Bispo de Setúbal.

Na sua memória, lembro a sua coragem profética, a voz firme e livre em defesa dos mais pobres e vulneráveis e a ternura com que soube cuidar do seu povo. Suceder-lhe é, para mim, graça e responsabilidade — não apenas honrando o passado, mas continuando, com fidelidade criativa, a missão que ele iniciou nesta terra que já sinto como sendo parte da minha história e identidade.

 

Um olhar para o Seminário Maior de Setúbal

Neste momento de memória, não posso deixar de me voltar com carinho para o Seminário Maior de Setúbal, casa de esperança da nossa Diocese. Um Seminário é sempre o sinal vivo de que Deus continua a chamar, a semear e a cuidar do futuro da Igreja. Rezo e peço-vos que rezemos pelos nossos seminaristas, pela equipa formadora e por todos os benfeitores e amigos que tornam possível este caminho. Que nunca falte a estes jovens a confiança, a coragem e o apoio da comunidade cristã que os envia e acompanha. E que nunca faltem a esta Diocese, jovens seminaristas e sacerdotes, que não tenham receio de dar as suas vidas por Cristo, de se apaixonarem pelo Evangelho que nos é entregue como semente pronta a ser lançada à terra.

 

Uma memória que gera futuro

Este aniversário não é apenas pessoal — pertence também ao povo de Deus que me gerou na fé. Por isso, peço que este momento seja ocasião de partilharmos uma renovada confiança em Deus, uma sentida gratidão pelos dons recebidos e a coragem de continuarmos a semear a Esperança, a Esperança que o Senhor anuncia e pela qual a humanidade anseia.

Desta caminhada somos cinco padres no exercício da missão, o António Paulo e o Vítor da Diocese de Vilar Real, o Augusto, o Francisco Pedrosa, e eu da Diocese Porto. Todos os outros seguiram caminhos que certamente Deus lhes apontou.

Peço-vos que rezeis por nós, para que eu sejamos sempre Pastores segundo o coração de Cristo. É o que Lhe peço todos os dias, todas as noites.

Da minha parte, trago-vos a todos no coração e na oração,certo de que o Senhor continua a guiar-nos pelo caminho da Fidelidade, da Esperança e da Alegria do Evangelho.

+ Cardeal Américo, Bispo de Setúbal

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