D. José Policarpo aponta a inteligência, a beleza e o amor como caminhos para chegar à liberdade Para aprofundar e solidificar as razões da fé, o homem tem de ser peregrino incansável da verdade, procurá-la todos os dias da sua vida. “Procurar a verdade é buscar a luz sobre a realidade do homem para encontrar segurança e firmeza na vida”, sublinha D. José Policarpo. Na segunda catequese quaresmal que o Cardeal Patriarca de Lisboa sob o título “O homem, peregrino da verdade”, D. José Policarpo afirma que a verdade é o sentido profundo da realidade do homem e de todos os seres que com ele convive e “desvendar o sentido profundo da realidade e encontrar na fé, abandono confiante a alguém, a segurança que procuramos, ajudam-nos a situar os dinamismos da busca da verdade”. O Homem procura respostas para as questões primordiais: origem e destino, a vida e a morte, a liberdade e a felicidade. “Deixar de procurar essas respostas é desistir da vida”, sublinha D. José Policarpo, porque nas profundezas do seu coração, “permanece sempre a nostalgia da verdade absoluta e a sede de chegar à plenitude do seu conhecimento”. Prova desta busca é “a incansável pesquisa do homem em todas as áreas e sectores”. A Igreja está atenta à realidade humana, “não se assusta com os problemas e interrogações, partilha as angústias e as alegrias, ousa discernir no âmago dessa realidade sinais”, refere. A inteligência racional, que o distingue de todos os outros seres criados e o torna semelhante a Deus é o “primeiro e mais nobre dinamismo humano para a busca da verdade”. A inteligência racional “pode conduzir o homem até à dimensão transcendente da verdade e ao próprio Deus”. “Há os que excluem qualquer verdade revelada, só admitindo a verdade a que a razão humana pode chegar, admitindo um Deus da razão e uma religião racional. Outros foram mais longe e negaram qualquer dimensão transcendente da verdade”, analisa D. José Policarpo. “No nosso tempo, com a crise da Filosofia, e o triunfo das ciências exactas, esta situação agravou-se, caindo-se no horizonte limitado da razão pragmática, incapaz dos grandes voos na busca da verdade e da compreensão da realidade”, sublinha. Outro dinamismo humano na busca da verdade é a atracção pela beleza e a capacidade de contemplar o que é belo. A experiência do amor é outra forma de procurar a verdade. “Todo o amor é fonte de conhecimento da pessoa amada e de auto-conhecimento na experiência do dom e do encontro”. A cultura contemporânea exalta “mais a liberdade do que a verdade”, aponta o Cardeal Patriarca. “Se se absolutiza a liberdade individual, cai-se numa visão subjectiva da verdade, em que cada um inventa a sua própria verdade, o que levará, inevitavelmente, à relativização da própria verdade”. “Para aprofundar as razões do nosso acreditar, é preciso nunca desistir desta caminhada para a verdade”, finaliza D. José Policarpo. “Empenhemos nessa busca toda a nossa capacidade de verdade: a nossa inteligência, a atracção pela beleza e pelo amor e aceitemos humildemente que só a verdade iluminará a nossa liberdade. Esta é a exigência da formação cristã”. Notícias relacionadas O homem, peregrino da verdade