A Bíblia para comer

40 receitas que redescobrem cores e sabores desde o Antigo ao Novo Testamento Descobrir a Bíblia através de cores, texturas e sabores. Um apelo ao sentido do paladar é a proposta que o Pe. Tolentino Mendonça lançou ao chefe de cozinha Albano Lourenço. O resultado, «A Bíblia contada pelos sabores», são 40 receitas que mostram bem que a Bíblia também se come. O biblista, Pe. Telentino Mendonça, acredita que a Bíblia pode ser lida de muitas formas e é, porque não, um livro para se comer. “A Bíblia é para comer, no sentido em que o texto utiliza essa imagem de Deus que oferece a palavra”. O sacerdote explica que a Bíblia mostra-nos o grau de intimidade, de relação e comunhão que Deus estabelece com os homens e encontra na imagem da refeição uma metáfora extraordinária”. O sacerdote recorda que a aliança no Monte Sinai consumou-se à volta de uma refeição. “A refeição está presente deste o livro do Génesis ao livro do Apocalipse e tem uma dimensão muito importante em todo o itinerário bíblico”. A refeição surge de uma pesquisa procurando palavras, expressões e situações que revelam o que e como se comia. O livro está dividido pelas secções de entradas, sopas, peixes, carnes e sobremesas, num total de 40 receitas. Albano Lourenço, chefe na cozinha da Quinta das Lágrimas, dá conta do “muito trabalho de pesquisa, muitas noites a trabalhar, para saber como juntar os ingredientes sem retratar coisas actuais. Fiz combinações, que no fundo é a minha profissão”. Foi feita uma pesquisa no Antigo, no Novo Testamento e na tradição cristã para perceber que tipo de ingredientes eram utilizados, que tipo de sabor se procurava. Depois, tudo foi recriado pelas mãos do chefe Albano Lourenço que, a partir dos sabores portugueses, tentou aproximar-se do texto bíblico. Os peixes e as carnes foram o mais complicado. “Não havia uma definição de peixe – sardinha, robalo, garoupa.. Como é que eu com poucos produtos vou conseguir fazer 40 receitas”, interrogava o chefe no inicio do projecto. “O meu objectivo era dar alguma alma ao prato e não apresentar apenas o alimento”, explica. Ao longo das 40 receitas, todas elas fáceis de confeccionar e com ingredientes comuns aos dias de hoje, a Bíblia ganha uma outra vida e a mesa revela-se mais uma vez um lugar central de encontro. O Pe. Tolentino explica que “a mesa é transversal a todas as culturas. É um lugar de excelência de encontro e que reflecte os principais dinamismos, as crenças, os testemunhos interiores, as amizades, o espírito de grupo. Os antropólogos dizem que se percebermos com quem se come, o que se como e como se come, se percebe o essencial acerca de um grupo humano”. No conjunto de receitas, há coisas extraordinárias, mas “o pão e o vinho da última Ceia, continuam a fascinar-me de modo absoluto”, dá conta o sacerdote, apesar de considerar todas as receitas “uma festa para a comunidade de leitura da Bíblia que somos”. «A Bíblia contada pelos sabores» conta já com duas edições esgotadas. Esta é uma outra forma de ler, ver e saborear a Bíblia.

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