A alegria dos pastores

Mensagem de Natal do bispo de Santarém às crianças

Quando Jesus nasceu em Belém, conta o evangelista São Lucas (2,8-20), de noite apareceu um anjo aos pastores que naquela região andavam a guardar o seu rebanho.

Ficaram cheios de luz e assustados, mas o anjo sossegou-os e deu-lhes uma boa notícia que era motivo de alegria para todas as pessoas: em Belém nasceu um Menino que é o Messias, o Salvador.

Os pastores ficaram cheios de alegria e lá foram com as suas ovelhas até Belém à procura do Menino deitado na manjedoura. Quando o viram ficaram muito contentes e começaram a contar o que lhes tinha acontecido e como souberam da notícia.

O que se segue já não é São Lucas a contar. Consta então que os pastores eram três e que levaram presentes, uns queijinhos frescos que entregaram a São José, um recipiente com leite que ofereceram a Maria – Virgem Mãe e um pote de mel silvestre que o pastor mais novo ofereceu ao Menino.

A Maria – Virgem Mãe e São José, estavam encantados com o que estava a acontecer. Entretanto, as ovelhas entram no estábulo atraídas pelo encanto. Quando entraram, o burro começou a remexer-se por não concordar com aquela invasão das ovelhas, então a vaca disse ao burro que tivesse calma que elas certamente se portariam bem.

E assim aconteceu, portaram-se muito bem: as ovelhas entraram, olharam com espanto e todas juntinhas cantaram um ‘mé-mé-mé-mé’, a quatro vozes.

Estavam bem ensaiadas como acontece nos concertos de Natal. A alegria aumentava e os pastores estavam contentes pelo que viam, pelo que ouviam e também porque a suas ovelhas estavam a fazer boa figura.

Entretanto, as ovelhas, todas ao mesmo tempo e em ritmo igual, abanaram as cabecitas para cima e para baixo e assim fizeram ouvir, alto e bom som, os seus chocalhos que traziam ao pescoço, tudo em honra de Jesus, Messias de Deus.

O Menino sorriu ao ver que até os animais se alegravam com a sua vinda ao mundo. Os pastores tocaram o pífaro, fizeram uma dança e depois, de alma cheia, prepararam-se para regressar.

Antes de partirem, São José dirigiu-lhes uma palavra de gratidão e de sugestão de vida nova.
Já no novo dia e com as ovelhas a pastar, os pastores resolveram entre si promover uma reunião a sério, um “conselho pastoral”, como dizem os adultos, para falarem acerca das suas vidas.

Partilharam como sentiam dentro do peito uma luz permanente e uma grande alegria. Concluíram que depois de tão grande privilégio de terem visto o Filho de Deus, as suas vidas tinham de ter outra graça e outro comportamento.

Então decidiram que não diriam mais palavras feias uns aos outros, deixariam de roubar fruta pelos caminhos por onde passavam e as suas ovelhas já não iriam pisar os terrenos não autorizados para a pastagem.

Além disso, seriam fiéis à oração todos os dias, mais delicados com os seus familiares e mais justos e sinceros com todas as pessoas. Assim decidiram e assim procuraram pôr em prática.
Hoje também nós somos chamados a contemplar o presépio.

Temos de procurar que a alegria que o Menino Jesus dá a todos nos ajude a termos novos comportamentos. Também os pastores de Belém mudaram as suas vidas. Peçamos ao Menino o gosto que haja em cada casa e em cada família um ambiente onde todos se sintam amados e felizes.

Para todos as crianças e seus familiares, os votos de Natal Santo.

+ José Traquina, Bispo de Santarém

 

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