Padre António Alexandre da Rocha Ferreira, Missionário Comboniano no Quénia
Natural da paróquia de Santo António de Vagos, diocese de Aveiro, fui seminarista diocesano. Mas apaixonei-me pelo ideal missionário e troquei o seminário diocesano pelo dos Missionários Combonianos, onde ingressei nos anos 1960.
Ordenado padre em 1969, parti para o Quénia em 1977 e, durante vinte e cinco anos, alternei o meu serviço missionário entre este país e Portugal.
Em 2019, parti de novo para a missão no Quénia, onde me encontro. A diocese onde trabalho cobre uma área de 68 000 quilómetros quadrados (é mais de metade de Portugal; o nosso país tem 92 mil quilómetros quadrados) e tem uma população de cerca de 550 mil habitantes, pertencentes a 14 tribos. O território é em grande parte desértico e árido, com chuvas fracas e irregulares e longos períodos de seca. A população, nómada por tradição, mas com tendência a fixar-se em pequenas aldeias, dedica-se na sua grande maioria à criação de gado, sobretudo ovelhas, cabras e camelos, base da sua subsistência.
Metade da população é muçulmana; cerca de 35 % são cristãos e os restantes seguem as tradições religiosas tribais.
A missão a nós confiada, além do centro, que inclui a sé catedral, conta com mais 13 comunidades, dispersas em aldeias situadas num raio de 50 quilómetros.
As atividades pastorais são muitas e diversas, mas a nossa prioridade é o primeiro anúncio de Jesus Cristo, a inclusão e acompanhamento de todos os cristãos em pequenas comunidades e a formação dos agentes de pastoral, sobretudo catequistas, não esquecendo o nosso apoio na vida social, nomeadamente na educação, saúde, alimentação em tempo de carestia e mediação de paz nos conflitos entre as tribos.
Na missão trabalhamos cinco combonianos de quatro nacionalidades. Agora, aos meus 82 anos de idade, a minha principal tarefa é o cuidado dos doentes, que inclui a visita em suas casas, a administração dos sacramentos e a ajuda com alimentos e remédios aos mais carenciados.
A zona pastoral a meu cargo consta de cinco aldeias, três rurais e duas nómadas, distantes do centro entre 8 e 30 quilómetros. Nas aldeias rurais temos pequenas comunidades cristãs já estabelecidas, cada uma delas com um catequista e uma pequena comissão coordenadora. Nas aldeias nómadas o número dos cristãos é ainda muito reduzido.
Nestas aldeias, o meu trabalho consiste em visitar as famílias, umas duas vezes por mês, o que me dá a oportunidade de conhecer a situação de cada uma delas e de as convidar para a celebração com que encerro a visita. As pessoas pedem-me para rezar pelos doentes, para abençoar os recém-nascidos e as suas mães e apresentam-me um sem-número de problemas que as afetam, tais como insegurança, doença, fome, falta de água, etc. Nesta atividade, levo comigo dois ou três cristãos que se oferecem para me acompanhar. E, naturalmente, junta-se a nós entre dez e vinte crianças que vão à nossa frente a anunciar a nossa chegada. Esta é a missão que Deus me confiou.
Padre António Alexandre da Rocha Ferreira, Missionário Comboniano no Quénia
Em Parceria com a Missão PRESS (mensalmente no dia 24)
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