A 100 dias da visita do Papa?

100 anos depois de Fátima: quem ainda se interessa?

É com este mote que se inaugura a rubrica “100 anos depois de Fátima”. Uma centena de anos depois de três crianças afirmar terem visto, na Cova da Iria, uma senhora vestida de luz. Há quem ainda queira descobrir Fátima, por razões pessoais ou profissionais, justificar a sua fé, encontrar respostas ou simplesmente deixar-se levar pelo fenómeno que ali se tornou realidade entre a “graça e a misericórdia”.

Às terças-feiras, até dia 27 de fevereiro, na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, está a decorrer o curso interdisciplinar “Acontecimento: Fátima”, promovido pelo Santuário de Fátima. Num anfiteatro cheio os interesses dos alunos são muito diversificados. Maria José Almeida é guia intérprete e precisa de “respostas prontas quando encaminha grupos de peregrinos e turistas pelos locais da Cova da Iria”.

Partilhou com a ECCLESIA que “percorrer a via crucis é uma experiência que a toca e quando é com um grupo das Filipinas, através da sua vivência e religiosidade inquestionável aceitam o fenómeno de ‘peito aberto’, o que me faz pensar e questionar”.

Por seu lado André Pereira, um jovem funcionário do Santuário de Fátima, quer saber mais sobre todo o “acontecimento e a sua atualidade” e inscreveu-se no curso. Recordou os primeiros contactos que teve “levado pela experiência e vivência dos meus pais e da minha família em Fátima”.

Mas os cabelos brancos de Rui Madeira não enganam na sabedoria… Aposentado da Faculdade de Direito de Coimbra decidiu inscrever-se para esclarecer “tantas coisas que se ouve falar sobre Fátima e todas as suas vertentes. Tenho agora mais tempo e quero aprofundar alguns assuntos, Fátima é um deles”, remata.

O olhar brilhante de Teresa Mendes de Almeida ao falar sobre Fátima não esconde a ligação especial que tem há mais de 30 anos. É servita no Santuário e os simples silêncios de um olhar no acolhimento falam-lhe ao coração.

“Faz sentido todas estas iniciativas; saber mais, mesmo depois do centenário, faz sempre sentido, dar a conhecer a mensagem de Fátima, é nacional, internacional, é para o Mundo inteiro”, contou.

Num auditório atento destaca-se uma jornalista que tira alguns apontamentos. Maria José Garrido, com vasta experiência de jornalismo, faz parte do grupo de alunos. Tendo ido poucas vezes a Fátima, o seu interesse foca-se na dimensão social do acontecimento.

“Fátima foi um grande fenómeno e continua a ser e eu quero explorar mais, não para saber se foi verdade ou mentira, mas para ter mais informações deste fenómeno que perdura há 100 anos. (…) o que faz as pessoas estarem lá, andarem de joelhos, o que até me choca, e terem uma fé imensa”.

Partilhas e perspetivas diferentes, formas de olhar a Cova da Iria, com mais ou menos fé… ou com nenhuma! É uma pluralidade de rostos e convicções que preenchem o auditório do curso interdisciplinar “Acontecimento: Fátima” e que são garantia de que, após 100 anos, há ainda coisas a descobrir sobre Fátima.

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Agência ECCLESIA

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