Caminhos de Salvação
Ninguém gosta de se perder, todos nos queremos salvar. Contra este tipo de convicções não há muito que lutar. Mas o que é sempre mais discutível é o caminho que se escolhe para alcançar a felicidade, ou, se queremos uma palavra mais religiosa, a Salvação.
O mundo está a viver tempos de profunda mudança cultural, toda a gente o diz e o sente. Estas mutações radicais baralham as pessoas que têm muita dificuldade em situar-se, em discernir, em saber o que salva, em perceber os caminhos de Salvação que Deus abre e aponta.
O Papa Francisco não se tem cansado de alertar para certas atitudes que constituem um desvio de caminho, em relação às propostas gravadas nas páginas dos Evangelhos. Está sempre a pedir que evitemos cair em dois erros comuns: o de querer viver apenas pelo que dita a própria cabeça, achando que cada um se salva a si mesmo; o de se fechar num subjectivismo que considera a salvação apenas como algo de espiritual, sem ligação a nada de corpóreo ou material.
Seguindo estas orientações do Papa, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou, a 22 de Fevereiro, uma Carta sobre alguns aspectos da Salvação cristã. Diz, em síntese, que a Salvação consiste na nossa união com Cristo. Recorda que ‘a salvação plena da pessoa não consiste nas coisas que o homem poderia obter por si mesmo, como o ter ou o bem-estar material, a ciência ou a técnica, o poder ou a influência sobre os outros, a boa fama ou a auto-realização’. Não é isso. Acrescenta a Carta: ‘a Boa Nova tem um nome e um rosto: Jesus Cristo, Filho de Deus Salvador’. Ele é apresentado como ‘iluminador e revelador, redentor e libertador’.
A Salvação trazida por Cristo não anda por aí à deriva, é recebida num lugar: ‘a Igreja’. A vivência dos Sacramentos facilita o acesso dos cristãos à Salvação. Viver em Cristo ‘requer, de maneira especial, o cuidado pela humanidade sofredora de todas as pessoas, através das obras de misericórdia’.
E mais: ser cristão implica ser missionário, anunciador do Evangelho de Cristo. Tal obriga a abrir caminhos de diálogo com outros cristãos, crentes de outras religiões e pessoas para quem Deus não significa nada, pois Ele pode conduzir à Salvação todas as pessoas de boa vontade.
Há que seguir o exemplo de Maria, ‘fundamentados na Fé, sustentados pela Esperança e operantes na Caridade’.
Em tempos de dúvida e muita confusão, há que alinhar ideias e mostrar caminhos de felicidade e Salvação.
Tony Neves