Vaticano: O dia em que Bento XVI se despediu como simples «peregrino»

Pontificado de sete anos e 10 meses chegou ao fim a 28 de fevereiro de 2013

Lisboa, 28 fev 2018 (Ecclesia) – O Papa emérito Bento XVI concluiu o seu pontificado há cinco anos, em Castel Gandolfo, arredores de Roma, pouco mais de duas semanas depois de ter apresentado a sua renúncia.

“Sabeis que hoje é um dia diferente dos outros, já não sou Sumo Pontífice da Igreja – sou-o até às oito da noite, depois já não -, sou simplesmente um peregrino que inicia a última etapa da sua peregrinação nesta terra”, declarou, desde a varanda do palácio apostólico de Castel Gandolfo, arredores de Roma, propriedade da Santa Sé.

O Papa emérito mostrava-se “feliz” à chegada a este local, vindo do Vaticano, de onde tinha partido em helicóptero, sobrevoando a Praça de São Pedro, às 17h07 de Roma.

“Obrigado, boa noite, obrigado a todos vós”, foram as palavras finais do pontificado, iniciado em abril de 2005, por volta das 17h41 locais, após um discurso com pouco mais de dois minutos.

A Igreja Católica não tinha visto qualquer Papa resignar desde 1415, com a abdicação de Gregório XII.

Foto: Osservatore Romano

O momento final do pontificado, às 20h00 de Roma, foi assinalado pela partida da Guarda Suíça e o encerramento dos portões da residência pontifícia.

Este foi o único sinal visível do início da Sé vacante – período entre a morte/renúncia de um Papa e a eleição do seu sucessor – à hora determinada pelo próprio Bento XVI quando apresentou a resignação, a 11 de fevereiro de 2013:

“Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino”

Horas antes, o agora Papa emérito tinha-se encontrado com os mais de 140 cardeais presentes no Vaticano e prometeu obediência “incondicional” ao seu sucessor.

“Nestes oito anos vivemos com fé momentos belíssimos de luz radiante no caminho da Igreja, juntamente com momentos em que algumas nuvens se adensaram no céu”, disse ainda.

Joseph Ratzinger realizou 24 viagens ao estrangeiro, incluindo uma visita a Portugal, entre 11 e 14 de maio de 2010, com passagens por Lisboa, Fátima e Porto.

No total, as viagens pontifícias tiveram como destino prioritário a Europa (16), seguindo-se a América (3), o Médio Oriente (2), a África (2) e a Oceânia (1); a estas somam-se 30 visitas em solo italiano.

Bento XVI assinou três encíclicas: ‘Deus caritas est’ (Deus é amor), ‘Spe salvi’ (Salvos na esperança) e ‘Caritas in Veritate’ (A caridade na verdade).

Também presidiu a três Jornadas Mundiais da Juventude (Colónia, Sidney e Madrid), para além de ter convocado cinco Sínodos dos Bispos, um Ano Paulino, um Ano Sacerdotal e um Ano da Fé.

Em 2012, Bento XVI encerrou a sua trilogia sobre ‘Jesus de Nazaré’ com um livro sobre a infância de Cristo, dois anos após a publicação do livro-entrevista «Luz do Mundo», resultante de uma conversa com o jornalista alemão Peter Seewald.

No pontificado de Bento XVI foram canonizados 44 santos em 10 cerimónias, incluindo o português Nuno de Santa Maria, D. Nuno Álvares Pereira, a 26 de abril de 2009; Portugal conta também com duas novas beatas: Rita Amada de Jesus (beatificada a 28 de maio de 2006, em Viseu) e a Madre Maria Clara (21 de maio de 2011, Lisboa)

Desde a sua renúncia, o Papa emérito tem mantido uma vida reservada no Mosteiro ‘Mater Eclesiae’, do Vaticano, sem aparições públicas desde julho de 2016.

No início deste mês, Bento XVI enviou uma carta ao jornal italiano ‘Corriere della Sera’, na qual fala sobre o “lento declínio das forças físicas” e assume, a caminho dos 91 anos, viver um momento de peregrinação interior.

OC

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Agência ECCLESIA

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