Crise na República Democrática do Congo

Com os olhos do mundo virados para as vítimas do maremoto na Ásia, a República Democrática do Congo continua a viver uma situação de grande tensão por causa do possível adiamento das eleições e o drama humanitário no leste do país. O Bispo de Butembo-Beni refere à agência Fides, do Vaticano, que 150 mil pessoas estão privadas de assistência humanitária, considerando que “a União Europeia deve intervir”. A este cenário junta-se a tensão em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, onde ainda esta segunda-feira várias pessoas morreram por causa dos confrontos ocorridos durante a manifestação contra um possível adiamento das eleições políticas, que deveriam se realizar antes de Junho deste ano. Para a Conferência Episcopal congolesa, é fundamental que “as eleições se desenrolem como está previsto na Constituição”. As eleições concluem o período de transição, previsto pelos acordos de paz, que deram vida a um governo de unidade nacional, no qual todos os partidos políticos e os diversos movimentos de guerrilha, que actuam na parte oriental do país, estão representados. D. Melchisédech Sikuli Paluku, Bispo de Butembo Beni, em Kivu, lamenta a “insegurança contínua” que impede a distribuição de qualquer ajuda humanitária há mais de um mês. Uma das poucas organizações humanitárias presentes é a Caritas Congo, cuja equipe chegou a Butembo e rapidamente começou a trabalhar, como frisa D. Sikuli Paluku. O Bispo de Butembo Beni declara que as tropas rebeldes ainda estão presentes em diversas localidades da diocese, enquanto as tropas governamentais se encontram a 30 quilómetros de distância. “As pessoas que encontrei nessas cidades sem vida estão visivelmente traumatizadas com os sofrimentos indescritíveis dos quais são vítimas: de dia, retornam timidamente para constatar os danos dos saques e as destruições nas suas casas; ao entardecer, retornam para a floresta, porque suspeitam que a MONUC (Missão das Nações Unidas no Congo) seja cúmplice dos rebeldes. Mesmo que isso não seja verdade, existe uma notória falta de eficiência em garantir a sua protecção”, acusa. O Bispo concluiu lançando um apelo à comunidade internacional, para que seja aprovada uma nova missão da União Europeia no Congo, no estilo da missão “Artemis”, realizada em Ituri (nordeste do Congo) em 2003.

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