China: Santa Sé nega «divergências» na Cúria Romana quanto ao rumo da Igreja Católica no país

Vaticano realça a importância de afastar qualquer «confusão e controvérsia»

Cidade do Vaticano, 30 jan 2018 (Ecclesia) – O Vaticano negou hoje qualquer “divergência de pensamento e ação entre a Santa Sé e os seus colaboradores na Cúria Romana”, relativamente ao diálogo desenvolvido com a China.

Num depoimento divulgado esta terça-feira, o diretor da sala de imprensa da Santa Sé, Greg Burke, realça que “o Papa está em constante contacto com os seus colaboradores, em particular com a Secretaria de Estado do Vaticano, e é informado de forma detalhada e fiel acerca da situação da Igreja Católica na China e sobre o diálogo em curso” com aquele país.

O porta-voz do Vaticano salienta que esta é uma matéria que Francisco “acompanha com especial atenção”.

Nesse sentido, o Vaticano considera “surpreendente e lamentável que o contrário seja afirmado por pessoas dentro da própria Igreja, dando assim azo a confusão e controvérsia”, pode ler-se.

Esta declaração da Santa Sé surge um dia depois do bispo emérito de Hong Kong, cardeal Joseph Zen Ze-kiun, ter dado conta de que a Santa Sé havia pedido a um bispo que renunciasse ao cargo para dar lugar a um prelado mais do agrado do Governo chinês.

D. Joseph Zen escreve que se este género de concessões por parte da Santa Sé são para “chegar a um acordo e evitar um cisma” na China, essa divisão já “está lá, na Igreja independente” controlada pelo Governo, a Associação Patriótica Católica (APC).

O mesmo cardeal conta que o Papa Francisco, ao ser confrontado com esta questão, disse que iria analisar esta questão e o exortou a não acreditar em outro “caso Mindszenty”.

Com este nome, o Papa argentino quis referir-se ao caso do cardeal húngaro Joszsef Mindszenty, arcebispo de Budapeste durante a ditadura comunista na Hungria, que foi preso, escapou para os Estados Unidos da América em 1956.

E que depois alegadamente devido à pressão do regime húngaro, o Vaticano teria permitido a sua substituição por um bispo mais querido pelo governo.

As relações diplomáticas entre a China e a Santa Sé terminaram em 1951, após a expulsão de todos os missionários estrangeiros, muitos dos quais se refugiaram em Hong Kong, Macau e Taiwan.

Em 1952, o Papa Pio XII recusou a criação de uma Igreja chinesa, separada da Santa Sé e, em seguida, reconheceu formalmente a independência de Taiwan, onde o núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) se estabeleceu depois da expulsão da China.

A APC foi criada em 1957 para evitar “interferências estrangeiras”, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado, deixando assim na clandestinidade os fiéis que reconhecem a autoridade do Papa.

JCP

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Agência ECCLESIA

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