Cardeal-patriarca presidiu a uma Missa pelas vítimas dos incêndios e pediu atenção às questões ambientais
Lisboa, 20 dez 2017 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa destacou hoje dois pontos da encíclica papal ‘Laudato Si’ para “prevenir melhor futuro” na Eucaristia que presidiu em memória de todas as vítimas dos incêndios deste ano em Portugal.
“O primeiro é sobre a urgente recuperação ou efetivação duma ecologia integral em que tomemos como essencial e prioritária a relação com o meio ambiente, de que somos parte”, explicou D. Manuel Clemente esta tarde, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
A partir da encíclica ‘Laudato Si’ do Papa Francisco, o prelado observou que num país em que a grande maioria da população se foi concentrando no litoral corre-se “o risco de esquecer da grandeza do território, despovoado e pouco ou mal cuidado”.
“Ainda mais do que reconstruir edifícios, temos agora de nos reedificar como sociedade mais integrada, da cidade ao campo e do litoral ao interior”, afirmou.
Realçando que “natureza e sociedade são duas dimensões conjugadas do existir como pessoas”, D. Manuel Clemente sublinhou que a antiga relação com a agricultura e a floresta, “que era imediata e vital, foi-se perdendo”, e até a própria memória de propriedades e responsabilidades “se foi esvanecendo em muitos casos”.
O cardeal-patriarca da encíclica ecológica destacou também o alerta para a atenção institucional que, nos vários níveis da sociedade, “garantam um verdadeiro bem comum”: “Se tudo está relacionado, também o estado de saúde das instituições duma sociedade tem consequências no ambiente e na qualidade de vida humana.”
O presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, também participou na Missa e no final disse aos jornalistas que para além da quadra do Natal ir a Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos no fim de semana seguinte em vários municípios afetados nos incêndios de outubro.
“A ideia tem sido, penso, quer no que foi aprovado em termos de indemnização, quer em construção não discriminar. Portanto, tratar de uma forma igual duas tragédias que infelizmente se abateram com uma diferença de meses mas que não deixaram de ser tragédias”, acrescentou ainda sobre a associação das vitimas dos incêndios de outubro referir que não têm a mesma atenção.
A Eucaristia realizada no Dia Internacional da Solidariedade Humana foi organizada pelo Movimento de Cidadania dos Direitos Humanos, do Observatório Internacional de Direitos Humanos, e pretende também homenagear todos os Bombeiros portugueses.
D. Manuel Clemente manifestou também “solidariedade e companhia” e “gratidão profunda” a quantos organizados ou por si mesmo, “foram e continuam a ser junto de quem tanto sofreu e dos familiares das vítimas, a expressão mais clara e efetiva” de sociedade altruísta.
“Durante e depois dos trágicos incêndios que aqui lembramos, o mal foi grande e a dor foi muita. Mas não faltaram nem faltam gestos de grande generosidade e valentia”, disse D. Manuel Clemente.
CB/PR