País asiático, onde católicos são minoria, vive crise humana
Cidade do Vaticano, 20 nov 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco vai levar uma mensagem de paz e reconciliação na sua inédita viagem a Mianmar, país em que os católicos são 1,27% da população.
“Venho proclamar o Evangelho de Jesus Cristo, uma mensagem de reconciliação, de perdão e paz”, refere, numa videomensagem à população do país asiático.
Mianmar é a primeira paragem da viagem à Ásia, entre 26 e 2 de dezembro, que se vai concluir no Bangladesh, onde os católicos são 0,24% da população.
As duas nações estão no centro da crise humana que atinge a minoria rohingya, em fuga de Mianmar para o Bangladesh, que já abriga mais de 600 mil integrantes dessa comunidade
A primeira Missa presidida pelo Papa Francisco em Mianmar vai contar com uma oração pela paz e reconciliação, com referência explícita às regiões em conflito.
“A minha visita pretende confirmar a comunidade católica de Mianmar na sua fé em Deus e no seu testemunho do Evangelho, que ensina a dignidade de cada homem e mulher, e exige que abramos os nossos corações aos outros, especialmente os pobres e os necessitados”, refere o pontífice.
O Papa manifesta a intenção de visitar a antiga Birmânia “com espírito de respeito e encorajamento” por qualquer esforço que vise “construir harmonia e cooperação ao serviço do bem comum”.
“Vivemos num tempo em que os crentes e os homens de boa vontade sentem cada vez mais a necessidade de crescer na compreensão e respeito recíprocos, e de se apoiarem mutuamente como membros de uma única família humana, porque todos somos filhos de Deus”, acrescenta.
O arcebispo de Rangum, cardeal Charles Bo divulgou um comunicado para condenar os discursos que incitam ao ódio e manifestar o seu apoio às iniciativas do governo de Aung San Suu Kyi.
Em outubro, o Papa Francisco recordou hoje no Vaticano o sofrimento de crianças rohingya, nos campos de refugiados.
Os cerca de 1,1 milhões de muçulmanos rohingya são vistos pela população maioritariamente budista de Mianmar como imigrantes ilegais do Bangladesh, não lhes sendo reconhecida a cidadania.
Francisco será o primeiro Pontífice a visitar o Mianmar e o segundo no Bangladesh, num regresso à Ásia, quase três anos depois.
O Papa vai percorrer mais de 17 mil quilómetros, numa agenda que inclui encontros com a antiga Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, responsáveis políticos, líderes católicos e com o Conselho Supremo dos Monges Budistas de Mianmar.
A passagem pelo país conclui-se a 30 de novembro, com um Missa com os jovens na Catedral de Rangum.
No Bangladesh, o Papa Francisco vai visitar o memorial nacional aos mártires de Savar, falando a autoridades políticas e religiosas.
O programa inclui um momento inter-religioso de oração pela paz.
O Papa fez até hoje 20 viagens internacionais, nas quais visitou o Brasil, Jordânia, Israel, Palestina, Coreia do Sul, Turquia, Sri Lanka, Filipinas, Equador, Bolívia, Paraguai, Cuba e Estados Unidos da América, Quénia, Uganda, República Centro-Africana, México, Arménia, Polónia, Geórgia, Azerbaijão, Suécia, Egito, Portugal e Colômbia, bem como as cidades de Estrasburgo (França), onde passou pelo Parlamento Europeu e o Conselho da Europa, Tirana (Albânia), Sarajevo (Bósnia-Herzegovina) e Lesbos (Grécia).
OC