O Director da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), Pe. Rui Pedro, considera que o sistema de quotas implementado pelo Governo para regular a imigrações é um falhanço. “As quotas, caso não cumpram a sua função de regulação, estão a surgir como o indicador mais evidente do eventual fracasso das proclamações políticas e das numerosas ensaios legislativas, pouco coerentes, ambíguos e na prática algo contraditórios, efectuados recentemente no âmbito da Imigração”, refere o sacerdote num artigo escrito para a revista “Fátima Missionária” deste mês. O Governo anterior aprovou o 3º Relatório de Oportunidades em vigor desde 12 de Março, que aponta uma necessidade de 20.000 imigrantes para o ano em curso. Na perspectiva de dar respostas aos quase 14.000 cidadãos estrangeiros que já se encontram no país, mas na condição de desempregados, as quotas foram reduzidas para apenas 6.500 novos imigrantes. O Pe. Rui Pedro lembra que as quotas para imigrantes fixadas pelo IEFP, com base em estudos da DEEP e UCP a partir de inquéritos e consultas ás Confederações Patronais, Sindicais, Associações de Imigrantes, foram apresentadas como “a chave inovadora para resolver três problemas: satisfazer as necessidades de mão-de-obra, travar a imigração ilegal e evitar bolsas de desemprego”. “Parece, afinal, que o estado actual interessa a muita gente, apesar dos discursos politicamente correctos quanto ao lado positivo da imigração. Basta olharmos – com olhos de ver! – para a reincidente apetência desenfreada do mercado de trabalho por mão-de-obra ilegal, traficada e mal remunerada”, aponta. No artigo critica-se duramente “a ineficácia da actual e inadequada rede consular em informar, orientar e apoiar – como a lei exige -, devidamente os candidatos interessados a imigrar para Portugal”. O director da OCPM lamenta ainda “a incompreensão por parte de certos sectores da Igreja” da denúncia que várias organizações fazem da actual política migratória.
