Eduardo Cintra Torres disse na conferência de encerramento que o problema da comunicação digital é «um problema de distribuição»
Almada, 28 out 2017 (Ecclesia) – O professor universitário Eduardo Cintra Torres disse hoje na conferência de encerramento do X Congresso da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã que é necessário criar um “agregador único de conteúdos” do setor, dominado por poucos “grossistas”.
“É preciso pensar no problema do digital como um problema de distribuição”, disse o jornalista, denunciando o monopólio desse setor em “meia dúzia de grossistas”.
Eduardo Cintra Torres sublinhou que é necessário “regulamentar” a distribuição feita por alguns portais agregadores de conteúdos, sem salvaguardar os direitos de autor, e desafiou os jornais de inspiração cristã a criar uma ferramenta nesse âmbito.
Para Eduardo Cintra Torres é necessário criar um “agregador único de conteúdos da associação de imprensa de inspiração cristã”, que reúna notícias produzidas pelos vários títulos regionais.
“Já não se consomem meios de comunicação, mas conteúdos dos meios de comunicação social”, sustentou.
Durante a sessão de encerramento, o presidente da direção da Associação Portuguesa de Imprensa, João Palmeiro, referiu que há “fundos” disponibilizados pelo ‘Google’ com esse objetivo e a Associação de Imprensa de Inspiração Cristã manifestou disponibilidade para iniciar uma candidatura.
Na sua intervenção, Eduardo Cintra Torres evocou o passado relevante da imprensa de inspiração cristã, nomeadamente no início do século XX quando se registou o nascimento de muitos títulos como reação aos projetos editoriais anticatólicos, e disse que hoje há “uma nova revolução”.
“Há uma nova revolução sem sangue, que é a digital e da internet”, disse o professor universitário, sublinhando a “omnipotência da linguagem técnica digital”.
“O jornal, o rádio e a televisão têm a mesma linguagem técnica, distribuem com a mesma linguagem técnica e os recetores consomem com a mesma linguagem”, disse o professor universitário, acrescentando que um meio de comunicação é imprensa, rádio e audiovisual.
“A omnipotência da linguagem técnica digital tem consequências”, que se repercutem na “multiplicação das fontes da informação”, na “comercialização” e na distribuição, a analisar em conjunto pelo professor da Universidade Católica Portuguesa.
“É preciso encontrar os meios para estar nestas plataformas com benefício”, sustentou, sugerindo que “convém juntar-se ao ‘inimigo’ e fazer dele uma espécie de amigo”.
Eduardo Cintra Torres propôs ainda a partilha de conteúdos por redes de amigos e colaboradores como meio de dar relevância a cada um deles, desafiou os jornalistas a construir “títulos impactantes” e pediu à “sociedade civil” que participe em projetos editoriais.
O professor universitário adiantou uma possível solução para dotar as redações dos jornais de inspiração cristã de mais e melhores meios, nomeadamente recursos humanos, a partir de uma solução em curso nos EUA e que consiste na “participação da sociedade civil”.
“A sociedade civil ligada à Igreja poderia ser solicitada para colaborar com um projeto destes, sustentando parte da remuneração dos jornalistas”, sugeriu.
O X Congresso da AIC, sobre o tema “A meio da ponte rumo ao futuro – Modelos editoriais e empresariais para a imprensa de inspiração cristã”, decorreu em Almada, nos dias 26 a 28 de outubro e terminou com a sessão comemorativa dos 25 anos da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã.
PR