Padre Filipe Resende trabalha no país africano há já nove anos
Lisboa, 21 out 2017 (Ecclesia) – O padre Comboniano Filipe Resende queria ir para um lugar “onde o Evangelho não tinha história” e no Quénia um país instável politicamente e com menos atentados terroristas aprendeu a ser missionário em diversas realidades.
“Tive a graça de ter feito Teologia já no Quénia, de 1997 a 2002, conhecia esta realidade. Foi sempre o meu sonho, desde miúdo, estar numa missão assim longe, onde as pessoas nunca ouviram falar de Jesus, do Evangelho”, disse o missionário em entrevista à Agência ECCLESIA.
Neste contexto, recorda que quando se parte “com entusiasmo, novidade” não se olha para as “dificuldades” de “partir, deixar os pais, deixar a família” mas o “entusiasmo” que é particular da vocação “dá a força extra”.
De 2008 a 2013, esteve em missão no interior do Quénia “perdido lá no meio do mato” onde “nem sequer havia eletricidade” quando chegou.
Para o padre Comboniano Filipe Resende a “grande lição” que todos os missionários aprendem é a aculturação, aprender com quem está, e não pode ser ensinada antes mas “tem de ser vivida no local”.
O Quénia vive um momento de instabilidade politica, após o Supremo Tribunal ter anulado as eleições presidenciais de 8 de agosto, em que foi reeleito o presidente Uhuru Kenyatta, a Igreja Católica “procura a via do diálogo, da paz”.
“Se nos calarmos, estamos a consentir os abusos da polícia, não denunciamos; se falarmos, automaticamente somos colocados do lado dos que estão a contestar as eleições. Portanto, esta é uma questão muito delicada”, desenvolveu, referindo que, em condições normais, a “Igreja Católica é muito respeitada”, sobretudo, “pelo que faz”.
O padre Filipe Resende sente-se “muito realizado” e deixou como apelo que se reze pela situação no Quénia.
“As eleições estão marcadas para dia 26, eu regresso já na próxima terça-feira (23 de outubro), a tensão está muito, muito forte”, acrescentou.
Num país onde há situações ligadas ao extremismo, com diversos atentados, o missionário Comboniano conta que o terrorismo “abrandou bastante no último ano e meio, dois” mas existiu um período em que “havia muitos ataques contra igrejas” e a qualquer aglomerado de pessoas, sobretudo aos fins de semanas, o que “provocou medo de ir à igreja, porque não sabiam o que ia acontecer”.
A Igreja teve de criar “condições de segurança” como o recurso a empresas de segurança para estarem todos os dias a controlar as entradas, com “detetor de metais”, e quando havia um atentado numa igreja notavam logo “no domingo a seguir e no outro domingo” com a diminuição de pessoas mas depois, “pouco a pouco, as coisas retomavam a normalidade”.
“Cada domingo que passava, respirava de alívio”, revela o padre Filipe Resende, na entrevista publicada na mais recente edição do Semanário digital Ecclesia.
O mês missionário de outubro vai estar também em destaque este domingo – Dia Mundial das Missões – nos programas ‘Ecclesia’, na rádio – Antena 1, às 06h00, e no ‘70×7’, a partir das 07h27, na RTP2.
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