Tema está a ser debatido pela pastoral católica num congresso em Taiwan
Cidade do Vaticano, 04 out 2017 (Ecclesia) – O Papa enviou uma mensagem aos participantes do 24.º congresso mundial do apostolado do mar, em ´Taiwan, onde incentiva a um trabalho pastoral cada vez mais próximo das gentes deste meio.
“Que os bispos, sacerdotes, religiosos e leigos reunidos neste importante evento saiam fortalecidos na sua ação junto de todos os que trabalham no mar”, escreve Francisco, na missiva publicada pela sala de imprensa da Santa Sé.
O congresso, que está a decorrer na cidade de Kaohsiung, no sul de Taiwan, até ao próximo sábado dia 7 de outubro, tem como tema ‘Apanhados na rede’ e tem em cima da mesa desafios que são postos hoje aos pescadores e às suas famílias, como as condições de trabalho e sobretudo a ameaça do crime organizado e da exploração laboral.
“Por um lado, estamos a falar de proprietários de embarcações que querem fazer mais lucro, e por outro de um elevado número de migrantes que buscam trabalho a todo o custo”, realçou o delegado do Vaticano para o Apostolado do Mar, o padre Bruno Ciceri, na apresentação do congresso.
Aquele responsável alertava ainda para um contexto atual que “favorece a exploração e a escravatura, incluindo de menores”.
“Muitos podem ser enganados nos salários, transformados em vítimas de abuso, empurrados para o crime ou abandonados em portos desconhecidos”, apontou.
O contexto laboral no setor das pescas esteve também em destaque, esta terça-feira na cidade espanhola de Vigo, numa intervenção do observador permanente da Santa Sé junto da agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
“Falar de trabalho justo significa reconhecer sobretudo a centralidade e da dignidade da pessoa humana”, sustentou o monsenhor Fernando Arellano, acrescentando que esta noção é “frequentemente ignorada e violada”.
“Muitas pessoas são atiradas para periferias existenciais das quais é depois muito difícil escapar. E esta realidade acontece em muitos setores económicos e sociais, mas tem especial incidência em alguns âmbitos do setor das pescas, onde detetamos graves atentados aos direitos humanos dos pescadores”, acrescentou o representante do Vaticano.
O monsenhor Fernando Arellano recordou que “de um modo geral, os membros das tripulações pesqueiras são pessoas provenientes de zonas muito pobres, pessoas tocadas pela miséria e pela falta de trabalho”.
“Muitas delas são jovens, frequentemente analfabetos ou com baixo nível de escolaridade, que podem ser facilmente enganados. E as agências de recrutamento não têm escrúpulos”, salientou.
Em números adiantados pela Santa Sé, é realçada a importância do setor pesqueiro, que “fornece quase 7 por cento das proteínas consumidas no mundo, e contribuem em 20 por cento para a exigência média de proteínas animais para quase metade da população mundial”.
Na sua carta aos participantes do congresso em Taiwan, o Papa apela aos cristãos para que “saibam reconhecer o contributo valioso” de todos quantos trabalham neste setor pastoral.
Um setor que deve ser símbolo de uma “Igreja que abre espaço para os mistérios de Deus e os “guarda de tal modo que atrai até si as pessoas”, frisa o Papa argentino.
Francisco termina a sua missiva confiando “todos os trabalhadores do mar e respetivas famílias à intercessão de Maria”.
JCP