Um bispo conciliar pioneiro nos meios de comunicação social e na defesa do povo
Beira, Moçambique, 05 out 2017 (Ecclesia) – Um simpósio organizado pela Arquidiocese da Beira e pela Universidade Católica de Moçambique vai recordar entre hoje e amanhã os 50 anos da morte de D. Sebastião Soares de Resende, bispo português.
D. Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé), recordou D. Sebastião Soares de Resende (1906-1967), primeiro bispo da Beira, Moçambique, como “uma figura excecional de visionário”.
“É uma figura excecional de bispo que escrevia todos os anos uma carta pastoral substancial sobre os acontecimentos. Era capaz de refletir a realidade”, disse à Agência ECCLESIA.
O Simpósio vai abordar várias dimensões do bispo português natural de Milheirós de Poiares, Diocese do Porto, que faleceu em janeiro de 1967.
D. Carlos Azevedo realça a capacidade de “reflexão” do primeiro bispo da cidade moçambicana da Beira – nomeado em 21 de abril de 1943 – que esteve “no meio da realidade muito viva da missão”, onde fez “grande viagens para ir ao encontro das grandes missões” e também fundou “colégios, o Diário de Moçambique”, o semanário ‘A Voz Africana’, a revista ‘Economia’ e a rádio.
“Os grandes meios de comunicação que existiam foram ele que os criou, que os animou”, realça o delegado do Conselho Pontifício da Cultura.
De assinalar também as intervenções de D. Sebastião Soares de Resende, “já nos anos 40 e 50” do século XX, em defesa da dignidade das pessoas com “posições inovadoras”, “ainda antes dos movimentos de libertação”.
“Defendia uma colonização que, sem negar a portugalidade, desse dignidade às pessoas, não as explorasse”, observou, recordando os “problemas com o Estado Novo, com Salazar” enfrentados “sempre de forma digna”.
‘O carácter inovador do múnus pastoral de Dom Sebastião Soares de Resende e o seu contributo no II Concilio do Vaticano’, é a conferência de encerramento do simpósio, esta sexta-feira, e vai ser proferida por D. Carlos Azevedo.
O delegado do Conselho Pontifício da Cultura explica que D. Sebastião Soares de Resende “teve ideias inovadoras, é uma figura que importa estudar” e para além de ter sido pré-conciliar foi o bispo português com mais intervenções no Concílio Vaticano II.
“10 intervenções, 12 se considerarmos as suas achegas para a preparação do concílio. É notável, é o que mais intervenções tem, o que denota uma pessoa que refletia muito sobre a realidade”, desenvolveu.
Para D. Carlos Azevedo, o primeiro bispo da Beira era capaz de estar presente “naquilo que era o aggiornamento” que o concílio queria fazer, “pôr em dia a Igreja com os tempos da atualidade”.
As duas primeiras conferências do simpósio são ‘A educação em África e em Moçambique na ação pastoral de Dom Sebastião Soares de Resende’ e ‘Dom Sebastião Soares de Resende património moral de Moçambique e da Igreja Universal’.
Segundo o programa enviado à Agência ECCLESIA, ‘O legado de Dom Sebastião Soares de Resende para o País e para a Igreja Universal’ e ‘O contributo de ação pastoral de Dom Sebastião Soares de Resende para os movimentos de libertação de Moçambique são outros temas em análise.
PR/LFS/CB