Cuba: Anunciar o reino em «condições difíceis» num sistema politico que não entende a Igreja

Fátima, 27 set 2017 (Ecclesia) – O padre Rolando Oca afirma que ser cristão em Cuba “é sempre o dom de Deus” de viver com uma esperança, com uma “atitude positiva” no meio de dificuldades mas a Igreja Católica “não se deixa assustar”.

“Há carências de direito à educação católica, de presença estável nos meios de comunicação. Há dificuldades a nível da evangelização mas o amor a Jesus é mais forte, a esperança no Evangelho é maior”, disse o sacerdote em declarações à Agência ECCLESIA.

O padre Rolando Oca explicou que a Igreja em Cuba encontra outros meios de anunciar o Evangelho e “não se detém, não se deixa assustar” mas “segue em frente e fá-lo com alegria”.

“A prioridade é a família que está a sofrer uma gravíssima crise mas a Igreja não se detém”, assinalou o sacerdote, realçando que “reconciliação” entre os cubanos e a “esperança” são dois “grandes desafios”.

O sacerdote esteve no Santuário de Fátima a participar na Peregrinação Internacional da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) e contextualiza que na ilha a Igreja “valorizou muito não sentir-se isolada”.

Neste contexto, revela que a fundação pontifícia dá uma ajuda “muito grande sustentando”, por exemplo, “projetos de evangelização”, com livros e materiais “para anúncio do reino”, e na “reconstrução de templos” porque não podem construir novos.

O padre Rolando Oca frisa que têm a “grande missão” de anunciar o reino em “condições difíceis” com “um sistema politico” que não os entende de todo e sem “a mesma liberdade que tem qualquer outro país ocidental”.

O Papa Francisco esteve na ilha do Caribe em 2015 e o entrevistado recordou que a visita “foi uma grande bênção de Deus” e o povo “apaixonou-se” porque “repetia as frases do Papa”.

“O Papa sentiu a Igreja muito próxima da vida e do coração do povo cubano”, acrescentou, destacando que “animou muito a vida da Igreja”.

“Convidou-nos a viver a reconciliação desde as amizades sociais que é a amizade que podemos fazer entre todos mesmo que sejamos diferentes, construindo o bem, o futuro do povo cubano. Foi uma grande missão que nos deixou o Papa Francisco”, desenvolveu.

Francisco foi o terceiro pontífice a visitar Cuba, após São João Paulo II (1998) e Bento XVI (2012), marcando o 80.º aniversário das relações diplomáticas entre a Santa Sé e Havana.

Os Estados Unidos da América e Cuba anunciaram em dezembro de 2014 a decisão de restabelecer as relações diplomáticas e económicas, que foram cortadas em 1961, pouco depois de chegada ao poder de Fidel Castro.

O padre Rolando Oca adianta que “não houve abertura para a Igreja” na ilha que procura o “bem da sociedade”.

“Desde que o governo se abra a uma conversação com o governo dos Estados Unidos é uma boa notícia para todos os cubanos”, acrescentou sobre uma relação onde as duas nações são chamadas “a mudar coisas, a dialogar, a negociar”.

“É o sonho da Igreja, que esse diálogo dê muitos frutos para o bem do povo cubano e norte americano para a paz na região”, observou.

No Santuário de Fátima, o sacerdote recordou a Virgem da Caridade que “é a alma do povo cubano”, um símbolo religioso mas também um símbolo nacional que “é ponto de encontro, de diálogo, de reconciliação”.

“Estar aqui tão perto deste lugar santo onde se fez e faz presente a Virgem Maria que deixou uma mensagem de paz, justiça, conversão enche-me de forças, de energias, e alegria para levar para a Cuba para que a nossa devoção não se reduza a uma piedade mas comprometa na construção de um reino de justiça, paz e amor”, conclui o padre cubano Rolando Oca.

CB

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Agência ECCLESIA

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