D. António Bessa Taipa recorda exemplo de solidariedade e atenção aos pobres
Leça do Balio, Porto, 26 set 2017 (Ecclesia) – O Administrador Diocesano do Porto, D. António Bessa Taipa, recordou hoje o falecido bispo emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, como um homem de Igreja “apaixonado” pelo Evangelho e pelas pessoas.
“Era um homem apaixonado pelo Evangelho, por Jesus Cristo, que era capaz de ler a vida, a vida dos outros e a sua, à luz da Palavra de Deus e ler esta Palavra à luz das situações existenciais”, referiu à Agência ECCLESIA na terra natal do primeiro bispo de Setúbal, que vai ser hoje sepultado no cemitério junto ao Mosteiro de Leça do Balio.
D. António Taipa sublinha a capacidade de denúncia da injustiça, “com a força que era própria dele”, e a “sensibilidade à pobreza, às situações que foi vivendo” em Setúbal.
“Era um homem muito pobre”, que “deu tudo”, acrescenta o responsável, recordando episódios em que o bispo emérito se prontificava a partilhar “o pouco dinheiro que tinha” com quem vivia situações mais dramáticas.
Para o Administrador Diocesano do Porto, a memória do “bispo de Setúbal”, como D. Manuel Martins tinha orgulho em ser recordado, representa um “desafio” e sublinha a “necessidade de uma presença da Igreja, cada vez mais forte, junto daqueles que são os deserdados”, abrindo “caminhos de esperança para muita gente”.
O primeiro bispo da diocese sadina, que morreu este domingo, aos 90 anos de idade, deixa a todos uma palavra de “atualização, de verdade, de liberdade, de intervenção”, conclui D. António Taipa.
Manuel da Silva Martins nasceu a 20 de janeiro de 1927, em Leça do Balio, concelho de Matosinhos; foi ordenado sacerdote em 1951, após a formação nos seminários do Porto, seguindo-se a frequência do curso de Direito Canónico na Universidade Gregoriana, em Roma.
Pároco da Cedofeita, no Porto, entre 1960 e 1969, D. Manuel Martins foi nomeado vigário-geral da diocese nortenha em 1969, antes de seguir para Setúbal.
D. Manuel Martins foi presidente da Comissão Episcopal da Ação Social e Caritativa, bem como da Comissão Episcopal das Migrações e Turismo, na Conferência Episcopal Portuguesa; foi ainda presidente da Secção Portuguesa da Pax Christi e da Fundação SPES.
No dia 23 de abril de 1998, o Papa João Paulo II aceitou o seu pedido de resignação ao cargo de bispo de Setúbal.
O bispo emérito foi agraciado com a grã-cruz da Ordem de Cristo, durante as comemorações do 10 de junho de 2007, em Setúbal, e com o galardão dos Direitos Humanos da Assembleia da República, a 10 de dezembro de 2008.
HM/OC