Obra Nacional deixa alertas para tempo de férias no verão
Lisboa, 24 jul 2017 (Ecclesia) – O diretor da Obra Nacional da Pastoral do Turismo (ONPT) afirmou hoje que a ideia de turismo sustentável “tem de conviver” com o atual tempo de férias e é uma oportunidade de “se afirmar a sustentabilidade”.
“É uma oportunidade para afirmar a sustentabilidade no turismo. O facto de se fazer férias poderia com a massificação e a presença massificada nalguns espaços pôr em causa esta sustentabilidade”, disse o padre Carlos Godinho à Agência ECCLESIA.
Para o sacerdote pode acontecer, “e acontece em alguns casos”, que a massificação coloque em causa a sustentabilidade do turismo a nível ambiental com “acumulação de lixos, o consumo de água necessário e desnecessário”.
O diretor da Obra Nacional da Pastoral do Turismo considera que se Portugal pode ser procurado por “três ou quatro aspetos” é necessário, por exemplo, que ao mar e à gastronomia se aliem programas culturais, de animação e até formação.
O turismo religioso “poderá marcar presença” a começar pelas paróquias de beira-mar, onde “tem de haver criatividade, investimento” e “capacidade de oferta”.
“Celebrações cuidadas, que é o primeiro aspeto, mas também oferta e convite dirigido às pessoas para participarem numa conferência, num espaço de leitura, em debates”, exemplificou, realçando que há “experiências a esse nível” e recordando a ação de D. António Marcelino [1930-2013] na Diocese de Aveiro.
2017 foi proposto o ano do turismo sustentável para o desenvolvimento pela ONU – Organização das Nações Unidas e a Igreja Católica em Portugal também quer fomentar, por isso, a Obra Católica desse setor publicou uma nota onde afirma “três aspetos fundamentais”.
Os aspetos fundamentais para se falar de sustentabilidade são a dimensão económica, a social e pode-se “acrescentar a cultural e, efetivamente, a ambiental”, promovendo também a “possibilidade de encontro entre as pessoas”.
O turismo deverá beneficiar as indústrias diretamente ligadas ao setor mas também as que “estão ligadas indiretamente” e a promoção de outras áreas de produção, como a “agricultura, o comércio, o artesanato”, que são essenciais porque o turismo “não é realidade fechada em si mas dinamizador de muitas outras”.
Para o padre Carlos Godinho, um “aspeto importante” é a dimensão de responsabilidade social de muitas entidades ligadas ao turismo que podem “beneficiar” os seus visitantes mas que essas infraestruturas possam também “servir a comunidade, e haver uma dimensão solidária e responsabilidade social”.
“Hoje o grande perigo é da homogeneização, partilhamos todos uma certa conceção cultural, que passa a ser comum e perdemos a noção das particularidades. Os turistas reclamam a especificidade, o aspeto genuíno de uma comunidade, se perdemos isso, perdemos muito da qualidade do nosso património material e imaterial – tradições, festas”, desenvolveu.
O diretor da ONPT deu como exemplo a cidade de Lisboa, que pode oferecer o que tem de “mais especifico e típico” que são os bairros, mas alerta para o perigo, que “pode ser muito grave” perder-se a característica própria quando as pessoas são afastadas para haver espaços para alojamento local.
“A relação pessoa a pessoa” é uma das áreas das “mais interessantes do turismo” e uma realidade que carateriza o país, mas “sem cedência” e em “autêntica partilha”.
Pelo fator de partilha entre quem recebe e quem visita, o padre Carlos Godinho assinala que o turismo “pode ser indústria da paz” porque abre ao diálogo.
PR/CB