Liturgia: Igreja celebra festa de Santa Maria Madalena

Papa Francisco deu novo estatuto à celebração, no calendário litúrgico, em 2016

Cidade do Vaticano, 22 jul 2017 (Ecclesia) – A Igreja Católica celebra hoje Santa Maria Madalena que passa a ser assinalada no Calendário Romano Geral com o grau de ‘Festa’ em 2016, por decisão do Papa Francisco.

“A primeira a chegar [ao sepulcro] é ela: Maria de Magdala, uma das discípulas que tinham acompanhado Jesus desde a Galileia, colocando-se ao serviço da Igreja nascente”, disse o pontífice argentino a 17 de maio deste ano sobre a “apostola da esperança”, na Praça de São Pedro.

A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicou um novo decreto, datado de 3 de junho de 2016, “por desejo expresso do Santo Padre”, para promover e explicar esta mudança.

O texto sublinha que Maria Madalena foi a primeira “testemunha” e “anunciadora” da ressurreição de Cristo.

A decisão “inscreve-se no atual contexto eclesial, que exige uma reflexão mais profunda sobre a dignidade da mulher”, pode ler-se no documento.

A mudança promovida pelo Papa acontece “no contexto do Jubileu da Misericórdia” para sublinhar “a relevância” da figura de Maria Madalena, “que mostrou um grande amor a Cristo e foi por Cristo tão amada”.

O prefácio para a Eucaristia, já traduzido para português, reforça esta ideia: "Aparecendo Jesus a Maria Madalena no jardim, Ela que tanto o amara quando era vivo, viu-O morrer na cruz, procurou-O no sepulcro; e foi a primeira a adorá-l’O depois de ressuscitar dos mortos".

D. Artur Roche, secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, refere em texto publicado pelo Vaticano que “é justo que a celebração litúrgica desta mulher tenha o mesmo grau de festa dado à celebração dos apóstolos”.

A data litúrgica de Maria Madalena era até 2016 uma “memória obrigatória”, celebrações em honra de Nossa Senhora ou dos Santos que estão numa categoria inferior às “festas” e às “solenidades” no calendário litúrgico reformado pelo Concílio Vaticano II.

O Papa Francisco apresentou também em 2013 uma reflexão sobre esta santa, partindo do relato do Evangelho segundo São João que retrata Madalena a chorar junto do sepulcro vazio, num momento de “escuridão na sua alma” por ver deitadas por terra “todas as suas esperanças”, antes da aparição de Jesus ressuscitado.

Maria de Magdala, declarou, era a “mulher pecadora” que ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos, uma “mulher explorada e também desprezada por aqueles que se julgavam justos”.

Também Bento XVI expôs numa intervenção pública as lições deixadas aos cristãos de todos os tempos por Maria Madalena, “discípula” de Jesus, “testemunha do poder do seu amor misericordioso, que é mais forte que o pecado e a morte”.

O Papa emérito recordou esta mulher, “que nos Evangelhos desempenha um lugar de primeira ordem”, falando em Les Combes, localidade dos Alpes italianos.

A figura da Madalena foi motivo de debate ao longo dos séculos, em particular por causa de passagens de escritos gnósticos que aludem a uma proximidade entre Jesus e Maria Madalena e alguma hostilidade em relação a ela por parte de São Pedro e Santo André.

O Evangelho de S. Lucas, recordou Bento XVI, apresenta-a entre as mulheres que seguiram Jesus depois de ter “sido curada de espíritos malignos e doenças”, precisando que dela “tinham saído sete demónios”.

“A história de Maria de Magdala recorda a todos uma verdade fundamental: discípulo de Cristo é quem, na experiência da fraqueza humana, teve a humildade de pedir-lhe ajuda, foi curado por ele, e seguiu-o de perto, tornando-se testemunha do poder do seu amor misericordioso”, disse então.

OC/CB

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Agência ECCLESIA

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