Doutrina Social da Igreja: um segredo bem guardado

“Doutrina Social da Igreja: o nosso segredo mais bem guardado” foi a intuição que deu o título a uma obra publicada nos EUA sobre o ensinamento social católico. Quando o Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP) apresentou esta semana o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, ficou provado que essa intuição continua válida. De nada valeu ao Cardeal Renato Martino, presidente do CPJP, avisar que “não avançamos hipóteses nem dizemos nada que não tenha sido dito antes pelos Papas”, porque logo houve quem falasse na nova Doutrina Social da Igreja (DSI). O relativo desconhecimento a que tem sido votada a DSI é justificada pelo Pe. Hermínio Rico com o facto de a Comunicação Social preferir dar destaque a outras intervenções da Santa Sé e do Papa. “Nestas áreas da ética costuma-se fazer muito o contraste entre a moral sexual e moral social: fala-se muito mais do que a Igreja diz sobre a moral sexual do que sobre a moral social”, assinala. A reacção dos Media ao Compêndio foi significativa. “Infelizmente, foi-se buscar as poucas páginas do livro que tratam de questões de moral sexual, na sua vertente social, e não se falou do muito que lá está escrito sobre a pobreza, desenvolvimento, direitos humanos ou trabalho”, lamenta. O sacerdote jesuíta viveu nove anos nos Estados Unidos, onde se especializou nas questões da relação Igreja e Sociedade, e tem leccionado na Faculdade de Teologia da UCP disciplinas na área da ética social. “A DSI tem mais de cem anos e é extraordinariamente rica, inovadora e avançada em muitos aspectos, mas infelizmente é pouco conhecida”, revela Agora, e pela primeira vez na história, qualquer pessoa tem ao seu dispor um Compêndio com 525 páginas, onde as posições da Igreja sobre os direitos humanos, a guerra, a democracia, a vida económica, a família, a comunidade internacional, o terrorismo ou a ecologia são recolhidas em 583 números de fácil consulta. A síntese deste conjunto de princípios de solidariedade e de justiça social destina-se a Bispos, sacerdotes, leigos – sobretudo aos políticos, empresários e sindicalistas -, mas também a fiéis de outras religiões e a todos os “homens de boa vontade que desejam servir o bem comum”, como refere o prefácio do documento do CPJP. “É preciso que as pessoas comecem a pegar nos documentos e a lê-los”, é a receita que deixa o Pe. Hermínio. A partir do momento em que as diversas posições da Igreja Católica sobre o trabalho, a economia, a paz ou os direitos humanos forem melhor conhecidas, este sacerdote está convencido de que “será muito fácil as pessoas aderirem a elas, porque são muito actuais e mesmo ousadas”. Notícias relacionadas • Primeiro Catecismo Social da Igreja apresentado no Vaticano

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