Serviço Pastoral quer levar cada pessoa a acreditar nas suas potencialidades
Lisboa, 15 jun 2017 (Ecclesia) – O Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência (SPPD), organismo católico coordenado pela Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, assume desde finais de 2010 a necessidade de procurar uma Igreja inclusiva, para e com todos.
Para além das barreiras físicas, que tantas vezes não os deixam participar, há ainda que superar preconceitos e sentimentos de estranheza face a uma realidade que toca diariamente a sociedade e a Igreja.
Tiago Casaleiro, do SPPD, refere à ECCLESIA que o trabalho passa, sobretudo, por impulsionar nas paróquias boas práticas de acolhimento.
“Em primeiro lugar, é uma questão de sensibilização, mostrar a realidade às pessoas, à vida da Igreja, dizer que as pessoas com deficiência existem e que têm uma grande riqueza para dar”, explica.
“Quando nós não temos comunidades que integrem toda a gente, elas ficam mais pobres”, adverte depois.
Após este trabalho de sensibilização, com jornadas nacionais de reflexão sobre as temáticas, começaram a acontecer, “gradualmente”, jornadas diocesanas e foi possível verificar que já existia “trabalho feito” neste campo.
“Havia a necessidade de trazer esse trabalho ao de cima, de partilhar boas práticas”, assinala Tiago Casaleiro.
Para o responsável, cada pároco deve procurar entender que na sua comunidade existem pessoas com deficiência e que elas “têm riqueza para dar”.
“Podem dar o seu contributo na construção das comunidades”, acrescenta.
Um dos problemas reside no facto de as pessoas com deficiências se “habituarem” a encontrar barreiras.
“Quando encontra mais uma barreira na Igreja, pensa que aquele não é o lugar para ela e acaba por desistir. Se não consegue, se ninguém está atento à sua realidade, desiste”, lamenta.
A sensibilização passa, por isso, também pela necessidade de dar “voz” a estas pessoas e encontrar quem as ouça.
“Não se pode fazer nada pelas pessoas com deficiência sem elas”, sustenta.
As dioceses começaram a partilhar experiências, neste setor, a começar pelas da “periferia”, o Algarve e Bragança-Miranda, que “quando reconheceram esta realidade, viram que havia muito trabalho a fazer, mas também se sentiram animadas por isso”.
“Muitas sementes foram lançadas”, prossegue o responsável do SPPD.
Tiago Casaleiro, enfermeiro de profissão, sublinha ainda o contributo de movimento como o ‘Fé e Luz’, fundado em França, e também da Fraternidade Cristã dos Doentes Crónicos e Deficientes Físicos.
A adaptação de textos litúrgicos e as acessibilidades são algumas das preocupações mais prementes, a que se somam “barreiras atitudinais”.
“Temos de perguntar-nos: que Igreja queremos e para quem é a nossa Igreja?”, desafia.
O tema da Pastoral a Pessoas com Deficiência vai estar em destaque esta sexta-feira, na edição semanal da revista ECCLESIA, dia em que começa a peregrinação jubilar a Fátima dedicado a este setor da ação da Igreja Católica.
LS/OC