Igreja/Trabalho: «A pessoa humana está sempre acima do capital, tecnologia e ciência» – arcebispo de Évora

Trabalhadores cristão refletem sobre a «indústria 4.0» no seminário «O Mundo do Trabalho Digital»

Évora, 09 jun 2017 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora disse hoje à Agência ECCLESIA no seminário internacional de trabalhadores cristãos sobre a "indústria 4.0" que a pessoa humana “está sempre” primeiro do que o "capital, a tecnologia e a ciência".

“A Igreja saúda sempre as novas tecnologias, mas não pode deixar de refletir que acima do capital e da tecnologia e da ciência está sempre a pessoa humana e essa não pode ser esquecida”, afirmou D. José Alves durante o seminário internacional que decorre entre hoje e este sábado em Mora, na Arquidiocese de Évora.

“É preciso preservar a dignidade da pessoa humana”, sublinhou o arcebispo de Évora em declarações à Agência ECCLESIA.

‘O Mundo do Trabalho Digital – Indústria 4.0: O trabalho decente, o desenvolvimento do emprego e a distribuição dos rendimentos na Sociedade’ é o tema da iniciativa promovida pela Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos, com o apoio do EZA e da União Europeia.

O arcebispo de Évora observou que a quarta revolução industrial “está em toda a parte” e vai ser, cada vez mais, “implementada” trazendo muitas vantagens, inovações e “maravilhas da técnica, da tecnologia” mas “tem os seus problemas”.

“A quarta revolução industrial vai recorrer mais às máquinas, à tecnologia, do que às pessoas. Significa que as pessoas ficam fora do mercado de trabalho, dai que as desigualdades podem surgir, o desemprego, a precariedade”, desenvolveu.

Segundo o bispo diocesano, a “falta de solidariedade” que “é fundamental” para que o mundo não coloque de lado “uma grande faixa da população” e um grupo mais pequeno “se vá apropriando de todos os recursos humanos” também começa a ser uma realidade “entre as instituições, as empresas, governos”.

D. José Alves felicita a realização do seminário internacional em Mora e a participação dos movimentos de trabalhadores cristãos “por se terem debruçado” sobre o tema atual para que “possam prevenir os problemas que se avizinham antes que se tornem dramáticos”.

O seminário internacional da Liga Operária Católica / Movimento de Trabalhadores Cristãos, em Mora, conta com representantes de movimentos de Espanha (HOAC; ACO), de França (ACO), da Alemanha (KAB).

Ralf Taufenbach, da KAB, realçou que as pessoas consideram que na Alemanhã está “está tudo bonito”, que vivem uma “situação positiva” mas “não é” realidade porque os salários “não têm aumentado” há muitos anos e constatam que “as situações” são transversais: Trabalho precário, pouco salário.”

Em declarações à Agência ECCLESIA, explicou, por exemplo, que o desemprego jovem existe mas “não como nos países do sul” com elevadas taxas e, mesmo sendo “relativamente fácil” encontrar formação profissional, “não têm empregos fixos mas contratos limitados”.

Para Xavier Such, membro da ACO, preocupante é mesmo o “tema do trabalho juvenil” porque os contratos são “curtos, pouco estáveis” e não oferecem “oportunidade” dos jovens começarem a construir a sua vida.

“Está a gerar uma juventude e pessoas que não dão resposta aos anseios pessoais, às suas capacidades, é um dos temas laborais mais preocupantes”, acrescentou, observando que pessoas com estudos universitários têm de sair do país.

Para Jose Fernando Almaza, presidente do movimento espanhol HOAC, “é importante animar a reflexão” sobre o modelo económico quando falam “de robotização, industrialização 4.0”.

“É importante ler a realidade também a partir da nossa fé”, afirma Jose Fernando Almaza.

O seminário internacional ‘O Mundo do Trabalho Digital – Indústria 4.0: O trabalho decente, o desenvolvimento do emprego e a distribuição dos rendimentos na Sociedade’ decorre até este sábado em Mora, distrito de Évora.

HM/CB/PR

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Agência ECCLESIA

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