Proposta educativa é de opção facultativa por alunos, família e encarregados de educação
Lisboa, 06 jun 2017 (Ecclesia) – A proposta da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), que “abarca a totalidade da vida humana”, quer chegar aos alunos e suas famílias, no início de cada novo ano letivo, para oferecer uma “visão alargada” para crentes e não-crentes.
“O aluno com a disciplina de EMRC fica com uma visão alargada do que é a vida e recebe instrumentos, grelhas de leitura, da vida pessoal e comunitária. É proporcionada a possibilidade de querer fazer grandes escolhas do ponto de vista ético, valorativo, ou seja, ajudar a fazer escolhas conscientes”, afirmou o coordenador de EMRC no Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC) da Igreja Católica.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o professor Fernando Moita explica que a disciplina de EMRC “não se destina a alunos católicos, a alunos crentes”, mas a todos que quiserem frequentar a disciplina, porque tem uma proposta que ajuda a pessoa a “entender-se melhor”.
“Vive a vida em função dos outros, sê ousado, tem coragem e perdoar, de amar, de te dedicares a grandes causas, de seres tu próprio enriquecido pelos outros”, acrescenta.
Para a estudante Matilde, os 90 minutos da disciplina “não carregam” os alunos porque torna-os “cidadão melhor” e os temas, como voluntariado, solidariedade, igualdade, são atuais para os jovens que devem “dar muita atenção, principalmente, nos tempos que correm”.
A jovem entrevistada explicou que optou pela disciplina facultativa, que é mais uma carga horária, pelo “exemplo da irmã”, que também frequentou, e porque é “catequista, acolita e escuteira”, para além da “dedicação dos professores da disciplina na escola”.
“Na minha turma vamos para aula não a pensar que vamos para uma aula. Somos acolhidos de uma maneira familiar em que tanto expomos os nossos problemas, como aprendemos, como tornamo-nos melhores pessoas”, desenvolveu Matilde.
Segundo o coordenador de EMRC no SNEC, a disciplina não é o mesmo que a Catequese porque “acontece em contexto escolar”, ou seja, tem uma dinâmica própria do espaço académico e pelos seus destinatários.
“A Catequese tem como destinatários os crentes ou querem ser crentes, tem em vista a celebração da fé, o amadurecimento. EMRC quanto aos alunos não pressupõe a fé”, explica.
Para o professor Fernando Moita, a diversidade de alunos “traduz-se num enriquecimento muito belo” porque existe a oportunidade “de dialogar, de encontrarem razões para a própria fé”.
Neste contexto, o responsável nacional destaca que o programa da disciplina facultativa “é confessional, os grandes valores são os evangélicos” e a perspetiva ético-moral “é cristã como a Igreja Católica apresenta”, e o professor de EMRC “um homem crente, que ama a Deus, manifesta o amor de Deus no quotidiano escolar”.
Por sua vez, o professor João Barros refere que a metodologia para concretizar a disciplina de começa pelo “testemunho” dos docentes do que estão “a ensinar”.
“É uma forma de cativar os alunos, podemos falar de voluntariado mas se não formos voluntários os nosso alunos dificilmente serão voluntários. Se falar do amor humano e não tiver gestos de amor, não for capaz de sorrir, ter atenção a um aluno que vem ao meu encontro, ter atenção aos seus problemas, ansiedades, dificuldades”, exemplificou.
A Concordata assinada em 2004 entre Portugal e a Santa Sé consagra a existência da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica, sendo os professores propostos pelos bispos, nomeados pelo Estado e pagos pela tutela.
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