Responsáveis denunciam pressões de Pequim contra Igreja «clandestina»
Cidade do Vaticano, 24 mai 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco recordou os católicos na China, por ocasião do dia anual de oração que a Igreja dedica a estas comunidades, a 24 de maio.
“Rezamos com os católicos na China, vamos confiar-nos a Maria, para ter a graça de suportar com paciência e vencer as dificuldades com amor”, escreveu, na sua conta ‘@pontifex’ no Twitter.
Antes, na Praça de São Pedro, durante a audiência pública semanal, Francisco tinha deixado uma palavra especial para um grupo de católicos de Hong Kong, na celebração de Nossa Senhora de Seshan.
“Que o Senhor vos abençoe”, disse.
Esta jornada anual de oração, instituída por Bento XVI, acontece na festa da Virgem Maria, Ajuda dos Cristãos, venerada no Santuário de Sheshan, em Xangai.
No último domingo, o Papa Francisco tinha dirigido uma mensagem de “comunhão” aos católicos na China.
“Digo aos católicos chineses: levantemos o olhar para Maria, nossa Mãe, para que nos ajude a discernir a vontade de Deus a respeito do caminho concreto da Igreja na China e nos ajude a acolher com generosidade o seu projeto de amor”, declarou.
O cardeal Joseph Zen Ze-kium, bispo emérito de Hong Kong, lamentou “que a Jornada de Oração”, pela Igreja na China, que se assinala hoje em todo o mundo ,seja “tão pouco conhecida”.
Em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o cardeal lança críticas ao regime chinês, classificando-o de “imperialismo desenfreado” e de estar minado pela corrupção.
O regime de Pequim criou em 1957 a Associação Patriótica Católica (APC) para evitar interferências estrangeiras, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado.
O Vaticano considera ‘ilegítimos’ os bispos que receberam jurisdição da APC, sem autorização do Papa, e a comunidade fiel à Santa Sé vive de forma clandestina.
Questionado sobre o culto a Nossa Senhora de Fátima, D. Joseph Zen Ze-kium afirmou que, “na China, todos conhecem as Mensagens de Fátima, incluindo os comunistas”.
“Eles estão muito preocupados com isso e têm medo da Virgem de Fátima. Este medo chega a ser grotesco. Por exemplo, os comunistas não se opõem à exibição de imagens de Maria Imaculada ou de Maria Auxiliadora. Porém, as imagens da Virgem de Fátima estão proibidas”, assinala, nas declarações enviadas à Agência ECCLESIA pela AIS.
Neste momento, o bispo Pedro Shao Zhumin, da Diocese de Wenzhou, que não é reconhecido pelo governo, encontra-se detido.
O bispo foi convocado por membros do Departamento dos Assuntos Religiosos a 18 de maio e "desde então não voltou a ser visto", adiantou um fonte local à agência católica Asianews.
OC