«Hoje a Virgem Maria ou está no trono dourado da Teologia ou no andor da religiosidade natural que dá voltas e mais voltas», alerta D. João Marcos
Beja, 16 mai 2017 (Ecclesia) – O bispo de Beja diz que o Papa deixou em Fátima uma “palavra incisiva”, sobre a vivência da fé, ao dizer que Nossa Senhora não é uma “santinha a quem se recorre para obter favores a baixo preço”.
Para D. João Marcos, Francisco tocou num “problema muito sério” que a Igreja Católica tem de refletir.
“Hoje, a Virgem Maria ou está no trono dourado da Teologia, ou está no andor da religiosidade natural que dá voltas e mais voltas. É preciso dar-lhe o lugar que é dela na Igreja”, sustentou o prelado em entrevista à Agência ECCLESIA.
E o lugar de Maria, segundo o bispo de Beja, tem de ser o de “mestra”, pois ela configura-se como “o melhor compêndio que existe” para a vivência da fé.
“Se virmos o que Deus fez na Virgem Maria, sabemos o que temos de fazer em vez de cada um andar a inventar a sua forma própria de fazer Igreja, que é tempo perdido“, considerou o responsável católico.
D. João Marcos classificou a presença do Papa em Fátima, nos dias 12 e 13 de maio, como uma lufada de ar fresco para as comunidades católicas do país, que “apontou para o essencial”.
“Foram dias inesquecíveis para mim e para os meus diocesanos. Já falei com alguns e algumas e todos são unânimes em dizer isso, são momentos que ficam marcados na história de cada um de nós”, adiantou.
Nas cerimónias estiveram muitos peregrinos provenientes do Baixo Alentejo, que se deslocaram ao Santuário de Fátima como “todos os anos” fazem.
“Peregrinar é uma experiência espiritual, uma experiência de Deus e um percurso de entreajuda muito bom”, realça D. João Marcos, que percorreu a pé o caminho até à Cova da Iria “várias vezes como pároco”.
“Quando aparece a imagem de Nossa Senhora é certo e sabido que temos multidões”, mas o que é essencial é “ajudar as pessoas a passar de uma religiosidade natural à fé cristã”, e o Papa poderá ter dado um novo impulso, reforçou o bispo de Beja.
JCP