O Vaticano não tomou nem tomará nenhuma posição a respeito da corrida às presidências dos EUA, declarou ontem o seu porta-voz. Joaquín Navarro-Valls afirmou que a publicação do Compêndio de Doutrina Social da Igreja, ocorrida uma semana antes das eleições norte-americanas, não implica que o Vaticano se esteja a pronunciar a favor George W. Bush ou John Kerry. “A Santa Sé não se pronuncia e não entende pronunciar-se sobre assuntos específicos políticos das eleições norte-americanas”, afirmou Navarro-Valls, que evitou opinar sobre o caso concreto de John Kerry, o candidato democrata que se confessa católico, mas sempre defendeu o aborto. Na apresentação do Compêndio, o cardeal Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, evitou responder directamente às perguntas sobre a relação entre o que se diz no livro e as eleições americanas, mas remeteu os jornalistas para os discursos do Papa contra a guerra no Iraque. Navarro-Valls referiu, por outro lado, que “os católicos não são obrigados, em consciência, a seguir as indicações das autoridades civis, em casos de atentados contra a vida, como o aborto. Às vezes revela-se necessário acrescentar princípios éticos para um julgamento moral consciente”.
