Sociedade: «Desigualdade salarial coloca em perigo a coesão social» – Comissão Nacional Justiça e Paz

Organismo da Igreja Católica pede «construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária»

Lisboa, 24 abr 2017 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) considera que a "desigualdade salarial coloca em perigo a coesão social" e afirma a necessidade de construir uma sociedade "mais justa" e "igualitária" com "salários justos".

“Lutar por um trabalho digno para todos, pagar salários justos, reduzir as grandes disparidades remuneratórias, respeitar os equilíbrios entre empregadores e empregados, reduzir a precariedade do emprego e eliminar todas as formas de exploração laboral” são objetivos que devem ser “prosseguidos por todos os que ambicionam viver numa sociedade justa e pacífica”, sublinha a CNJP.

Numa nota publicada pelo organismo católico, onde se analisam as conclusões do ‘Relatório Mundial sobre os Salários 2016/2017’, da Organização Internacional do Trabalho, a CNJP refere que o salário representa um “aspeto importante” de todo o conjunto de preocupações e destaca que o aumentado o salário mínimo em Portugal “é uma medida no caminho certo”.

“Ajuda o combate à pobreza, mas ainda é manifestamente insuficiente”, observa sobre o caso português

A CNJP assinala que a “grande maioria dos cidadãos” (com as suas famílias) dependem exclusivamente do salário que auferem e “salários demasiadamente baixos são responsáveis por níveis de pobreza intoleráveis”.

Os responsáveis da CNJP, ligada à Conferência Episcopal Portuguesa, ao terem conhecimento do Relatório Mundial sobre os Salários 2016/2017 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) – Global Wage Report 2016/2017: Wage inequality in the workplace – realçaram sete aspetos sobre os salários em Portugal e noutros países.

“Em Portugal, por exemplo, o rendimento do trabalho representava 60% do total do rendimento em 2002, enquanto que em 2015 este valor era de 51%. Esta é uma tendência mundial com consequências sociais e económicas negativas, como é reconhecido”, assinala no contexto dos rendimentos do trabalho que têm perdido peso no conjunto do rendimento nacional.

Noutro ponto, por exemplo, assinala que um trabalhador português com salário mínimo, em 2013, recebeu “menos de 50% do salário médio desse ano” e constata que a desigualdade salarial “é uma tendência que tem aumentado em muitos países”.

A Comissão Nacional Justiça e Paz alerta também que a nível mundial verifica-se uma disparidade entre os salários dos homens e os das mulheres, que em Portugal também existe, “embora não seja tão acentuada”.

Empenho na “construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária” e onde sejam respeitados os “direitos inalienáveis da pessoa na relação com o seu trabalho”, é o pedido da CNPJ aos detentores de poder político e económico, aos empregadores, aos dirigentes sindicais, aos responsáveis de associações patronais, aos trabalhadores em geral e a todos os homens e mulheres de boa vontade.

A Comissão Nacional Justiça e Paz contextualiza que a Organização Internacional do Trabalho, das Nações Unidas, integra representantes dos governos, de empregadores e dos trabalhadores, produz estudos e documentos que incorporam conhecimentos do «mundo real» sobre trabalho e emprego considerados “rigorosos e credíveis”.

A nota ‘a desigualdade salarial coloca em perigo a coesão social’ da CNPJ a partir do Relatório Mundial sobre os Salários 2016/2017 – Global Wage Report 2016/2017: Wage inequality in the workplace – da OIT, pode ser consultada no sítio online do organismo católico.

CB/PR

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Agência ECCLESIA

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