Europa: Papa defende solidariedade como base do projeto da UE, para lá dos números

Francisco assinalou 60 anos do Tratado de Roma com mensagem em favor da unidade, da abertura aos outros e do respeito pela vida

Cidade do Vaticano, 24 mar 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco recebeu hoje no Vaticano chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE), para assinalar os 60 anos do Tratado de Roma, e disse que a “solidariedade” é a base do projeto comunitário.

“O primeiro elemento da vitalidade europeia é a solidariedade”, sustentou, numa audiência que decorreu na sala régia do Palácio Apostólico.

Entre os presentes esteve o primeiro-ministro português, António Costa, que cumprimentou e conversou com o Papa durante alguns instantes.

Francisco alertou os responsáveis para a “tentação” de reduzir os ideais que estiveram na origem da UE a “necessidades produtivas, económicas e financeiras”.

O encontro contou com a participação de Antonio Tajani, presidente do Parlamento Europeu; Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu; e Jean-Claude Junker, presidente della Comissão Europeia.

O Papa falou do dia 25 de março de 1967, data da assinatura do Tratado de Roma, como um dia de “esperança”, cuja memória ajuda a responder às expectativas dos povos europeus, hoje.

“Os pais fundadores lembram-nos que a Europa não é um conjunto de regras a observar nem um prontuário de protocolos e procedimentos a seguir”, assinalou.

Francisco afirmou que a UE representa um “modo de conceber” o ser humano, a partir da sua “dignidade transcendente e inalienável”.

A Europa “reencontra a esperança”, acrescentou, quando “defende a vida em toda a sua sacralidade”, permite que as pessoas possam ter os filhos que pretendem, “investe na família” e dá “reais possibilidades de inserção” no mundo do trabalho.

O discurso abordou depois o “drama dos muros e divisões” que afetou a Europa e está hoje de regresso no “drama” dos que fogem da guerra e da pobreza.

O Papa alertou para o crescimento de “populismos” e apelou a sociedades “autenticamente laicas”, em que todos tenham lugar, “o oriundo e o autóctone, o crente e o não-crente”.

Após ter realçado a importância da “abertura ao mundo”, a intervenção defendeu que a questão migratória coloca uma “pergunta mais profunda”, sobretudo cultural, sobre o que é a Europa.

“A riqueza da Europa sempre foi a sua abertura espiritual e a capacidade de colocar perguntas fundamentais sobre o sentido da existência”, precisou o Papa.

O “vazio de valores”, acrescentou, é um “terreno fértil para todas as formas de extremismo”.

No  60.º aniversário do tratado fundador da então Comunidade Económica Europeia, Francisco falou num tempo de “nova juventude”, que se contrapõe a uma expectativa pessimista de “inevitável velhice” do projeto comunitário.

O Papa desafio os políticos presentes a promover um “novo humanismo europeu” para responder aos “problemas reais” das pessoas.

OC

Notícia atualizada às 18h22

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