Bento XVI é o «Papa de Fátima», considera o chefe de redação da Agência ECCLESIA
Alfragide, 21 mar 2017 (Ecclesia) – O chefe de redação da Agência ECCLESIA disse hoje que as Aparições de Fátima são as que “mais estão relacionadas com a figura do Papa” e considera o pontificado de Bento XVI o mais relevante para Fátima.
“Há sempre uma atenção particular à oração pelo Santo padre em Fátima”, afirmou Octávio Carmo no encontro de colaboradores da Conferência Episcopal Portuguesa, onde apresentou o tema “Fátima e os Papas”.
O jornalista vaticanista referiu que a “não é apenas a questão do segredo de Fátima” que liga o Santuário da Cova da Iria à figura do Papa, mas também as várias referências que existem na pequena localidade à Santa Sé e aos vários pontificados.
O Santuário de Fátima tem alusões à presença de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI em Fátima, conservando também uma “veneração particular”, pelo menos “institucionalmente”, por Pio XII (Papa entre entre 1939-1958), considerado na altura “o Papa de Fátima”.
Octávio Carmo lembrou que Pio XII foi ordenado bispo no dia 13 de maio de 1917, dia da primeira aparição de Nossa Senhora aos Três pastorinhos, consagrou o mundo a Nossa Senhora, a pedido da Irmã Lúcia, em 1940, e valorizou a presença da imagem peregrina pelo mundo em 1951.
No pontificado anterior, de Pio XI (1922-1939), há também referências a Fátima, nomeadamente a distribuição de pagelas enviadas de Portugal aos estudantes do Pontifício Colégio Português, onde abençoou também uma imagem, vendo muitos analistas nesses gestos uma “aprovação implícita” das aparições.
Octávio Carmo lembra que os vários Papas quiseram estar em Fátima “como peregrinos”, desde Paulo VI.
“A viagem de Paulo VI foi anunciada 10 dias antes de ser realizada, a 3 de maio de 1967, em Roma, e é qualificada como sendo uma viagem estritamente pessoal”, sublinhou o chefe de redação da Agência ECCLESIA.
Octávio Carmo afirmou depois que “é com João Paulo II que se dá o ‘boom’ de Fátima, logo em 1981, a 13 de maio, quando se dá o atentado”.
“João Paulo II volta à Praça de São Pedro a 7 de outubro de 1981, dia de Nossa Senhora do Rosário, e é a primeira vez que ele diz que, no tempo em que esteve internado, interiorizou a convicção de que ter acontecido o atentado a 13 de maio não era uma coincidência”, referiu o jornalista.
“João Paulo II sentiu que houve ali algo mais do que sorte e por isso a sua ligação a Fátima é muito emotiva, também para os peregrinos, porque receberam um Papa que tinha sido salvo por Nossa Senhora de Fátima”.
Para Octávio Carmo, o “Papa de Fátima” é, no entanto, Bento XVI, pelo contributo que deu à “interpretação e compreensão teológica” da Mensagem, nomeadamente à terceira parte do “segredo de Fátima”.
Rejeitando leituras “apocalípticas da terceira parte do segredo de Fátima, o vaticanista refere que a leitura teológica do então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé apresenta o mal como “algo que permanece”, valorizando um “convite a ter confiança em Deus” como marcante da mensagem revelada a três crianças, que “talvez não esteja tão assumida e interiorizada”.
Octávio Carmo acrescentou que, tratando-se de uma revelação privada, a Mensagem de Fátima “tem de remeter necessariamente para o núcleo da fé cristã”, caso contrário seria uma “revelação paralela”.
Em cada ano, os colaboradores da Conferência Episcopal Portuguesa assinalam a preparação do Natal e da Páscoa com um dia de reflexão, celebração e convívio.
PR