Igreja Católica promove debate sobre refugiados na Europa, até domingo
Leiria, 14 jan 2017 (Ecclesia) – O secretário da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana afirmou que “vota nas pessoas” na conferência «Refugiados: Euros ou pessoas?», que dá nome ao Encontro de Animadores Sociopastorais das Migrações que decorre em Leira.
Observando que habitualmente se costuma dizer “umas coisas e votar nas outras”, o padre padre José Manuel Pereira de Almeida afirmou optar pelo "voto nas pessoas", durante a apresentação do tema ‘Refugiados: Euros ou pessoas?', no encontro que decorrer até domingo e pretende analisar a dos refugiados na União Europeia.
No Centro Pastoral Diocesano, o sacerdote recordou a escritora brasileira Cecília Meireles e o título do livro ‘Ou isto ou Aquilo’ para afirmar que essa perspetiva mantém o discurso na área das coisas.
Neste contexto, citou o filósofo Immanuel Kant: “Quando uma coisa tem preço “pode pôr-se em vez dela outra coisa como equivalente.”
O secretário da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana deu como exemplo a publicidade de um banco: “antes problemas de consciência do que liquidez”, numa apresentação rica em paralelismos através de slogans e citações.
“Há confusão entre preço e valor. Associa-se maior preço a maior valor”, assinalou o pároco da igreja de Santa Isabel, em Lisboa, que observa a troca de “coisas do ter e do ser”.
Regressando a “isto ou aquilo”, o responsável citou novamente Kant porque “no reino dos fins tudo tem um preço ou uma dignidade”.
“As coisas têm preço, as pessoas têm dignidade”, afirmou o padre José Manuel Pereira de Almeida e quando à questão do encontro de animadores sociopastorais das migrações “não” têm dúvidas” que preferem as pessoas para “privilegiar o fraco”.
Neste âmbito, para explicar esta opção usou a técnica jornalística “o quê, quando, onde, como, porquê” e respondeu imediatamente porque é “justiça” e “é obrigatório privilegiar”, apoiar mais quem tem menos.
Numa lógica de igualdade, fraternidade, solidariedade relembrou do Papa São João Paulo II que são “todos verdadeiramente responsáveis por todos”.
“Toda a gente é pessoa, revestida de dignidade” como afirmou o Concílio Vaticano II e a sua Constituição Pastoral ‘Gaudium et spes’, bem como a Declaração ‘Dignitatis Humanae’ sobre a Liberdade Religiosa.
Na Eucaristia a dimensão social “é óbvia”, acrescentou, destacando que não se pode viver a eucaristia e depois “fazer de conta” face ao sofrimento do outro e relembrou o lema de uma campanha da Caritas Internationalis ‘Uma Só Família Humana’.
Outro exemplo para destacar a preferência por “privilegiar o fraco” está na ‘Didascália dos Apóstolos’, do século III, um documento escrito por um bispo para outros bispos, onde o prelado como ação Pastoral, Espiritual e Litúrgica indicou que se chegar um pobre e ele “não tiver lugar” para sentar-se o prelado deve levantar-se mesmo que se tenha de sentar no chão.
A sessão de abertura do encontro contou com D. Joaquim Mendes, da Comissão Episcopal Pastoral Social e Mobilidade Humana, que destacou a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado dedicada aos menores.
O presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, que desafiou a sair do encontro “com espírito vencedor”, a dizer que são capazes onde o convite é a serem “capazes de criar sinergias” e “acreditar nas capacidades” que têm; Presente esteve ainda o diretor do Secretariado Diocesano da Mobilidade Humana de Leiria-Fátima, o padre Silvio Litvinczuk.
CB