Plataforma desafia paróquias a duplicar hospitalidade
Lisboa, 06 jan 2017 (Ecclesia) – O coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) disse que existe uma lista de “mais de 60 famílias” à espera de acolhimento na Grécia e faz “um novo apelo” para que Portugal continue “a ser um exemplo”.
“Estamos longe ainda de ter esgotada a capacidade de acolhimento e também estamos longe de termos respondido plenamente ao desafio do Papa”, refere Rui Marques à Agência ECCLESIA, alertando que têm uma lista com “mais de 60 famílias” que estão na expectativa de vir para Portugal e “ainda não têm acolhimento”.
O coordenador da PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados informa que foi lançada uma nova campanha para “duplicar a capacidade” de acolher famílias de refugiados, em instituições de base comunitária, e espera oferecer “simbolicamente” essa hospitalidade ao Papa Francisco, em maio, no Santuário de Fátima.
“Uma família como a nossa que precisa e merece uma oportunidade para recomeçar a sua vida”, observou em entrevista publicada hoje na mais recente edição do Semanário ECCLESIA.
O responsável recordou que o Papa “lançou um grande desafio a toda a Europa”, em 2015, para que fossem acolhidas famílias de refugiados nas comunidades, paróquias, santuários.
Rui Marques destaca que em Portugal tem havido “uma resposta grande” através das instituições que integram a PAR e permitem “hoje ter a capacidade de acolher 134 famílias”.
Um “excelente exemplo de acolhimento” que tem sido “elogiado em termos internacionais” mas que está “longe de ter respondido plenamente ao desafio do Papa”.
O processo de acolher crianças e os seus familiares “é simples”, assinala o entrevistado, explicando que se pretende que a família possa recuperar “a sua autonomia” num período de dois anos.
A PAR pede alojamento, aprendizagem do português, integração das crianças no sistema de ensino e progressivamente dos adultos num emprego/ocupação.
“O balanço que fazemos nesta altura é francamente positivo”, refere Rui Marques, falando também no “feedback muito positivo” que têm recebido dos refugiados que estão em fase de acolhimento e integração em Portugal.
Para o coordenador da PAR, os recentes atentados terroristas têm o “único objetivo” de provocar medo, “fazer com que cada um não seja fiel aos seus valores”, por exemplo, do amor ao próximo ou ao valor da hospitalidade.
“Devemos perceber que estes atos terroristas foram a causa para que tantos milhares, milhões de pessoas tivessem que fugir das suas casas, abandonar o seu país porque estes mesmos terroristas fizeram a sua vida num inferno”, afirma.
O antigo Alto-Comissário para a Imigração, em Portugal, já visitou campos de refugiados na Grécia, onde a PAR tem voluntários em Atenas e na Ilha de Lesbos, e recorda o “enorme desespero” e “desânimo” das pessoas que estão “em suspenso” à espera de um destino.
Dessas visitas, lembra o sorriso das crianças que não têm a “perceção completa da realidade” e continuam a brincar, continuam “a ser crianças” mesmo nas condições mais adversas de chuva, lama, de frio.
No Semanário ECCLESIA, Rui Marques destaca ainda que o Papa Francisco tem sido uma voz “absolutamente notável” na defesa pelos direitos e dignidade dos refugiados, classificando-o como “o grande defensor desta causa a nível mundial”.
CB/OC