Sinais de recusa dos migrantes, na opinião pública, merecem reflexão
Lisboa, 09 dez 2016 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) afirmou que o país precisa de apostar na educação contra o racismo, apesar de alguns sinais de mudança na atitude em relação ao acolhimento de migrantes e refugiados.
“Interessa muito a opinião pública e ver nas redes sociais a diferença que se faz relativamente à caracterização dos refugiados. É duro dizê-lo, mas nas redes sociais transparece muito a questão do racismo e da xenofobia”, disse Eugénia Quaresma à Agência ECCLESIA.
A responsável identifica o “grande desafio educativo” nas comunidades, uma vez que se têm de “corrigir afirmações, determinadas palavras que se usam”.
“Temos de educar a nossa linguagem, olhar, reconhecer um ser humano no outro”, assinala.
A diretora da OPM sustentou que “há um trabalho a fazer e a desconstruir” nas redes sociais para respeitar um migrante que escolha Portugal para “trabalhar, para estudar, para tratar da sua saúde”.
Um estudo do Instituto de Ciências Sociais, da Universidade de Lisboa, que envolveu 18 países europeus, revelou que Portugal está entre os três países que mais se opõem a receber imigrantes, mas é o país que revela maior abertura ao acolhimento de refugiados.
“Ficamos muito sensibilizados com a imagem do menino a morrer na praia. Foi isto que despertou a sociedade portuguesa a dizer: temos a capacidade para acolher”, recorda.
Os dados do European Social Survey, recolhidos em 2002/03 e 2014/15, foram divulgados no encontro ‘Europa, migrações e identidades’, em Lisboa.
Eugénia Quaresma assinala que “nalguns domínios” se percebem comportamentos racistas da sociedade portuguesa.
Uma das autoras do estudo indica que desconsiderar outra cultura, etnia ou olhar como ameaça ao posto de trabalho ou estabilidade social é de si um comportamento racista.
“É um comportamento de exclusão”, realça, por sua vez, o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral Social da Igreja Católica em Portugal.
O padre José Manuel Pereira de Almeida aponta como prioridades o trabalho nas “dimensões da inclusão”, recordando que Portugal tem “experiência de muitos anos”, pelo que “não há razões para ter medo”.
PR/CB/OC