Eutanásia: Cardeal-patriarca considera «abusiva» qualquer tentativa de legalização

D. Manuel Clemente propõe sociedade «paliativa»

Lisboa, 08 dez 2016 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa considerou hoje “abusiva” qualquer tentativa de legalizar a eutanásia, propondo uma sociedade “paliativa” que esteja ao lado dos mais fracos e necessitados.

"Alargando nós, como sociedade, um manto protetor aos que sofrem momentos difíceis e a roçar o desespero, não nos dispensemos, por qualquer legalização abusiva, do bom apoio que lhes devemos, sempre no sentido da vida", advertiu D. Manuel Clemente, na homilia da Missa a que presidiu no Mosteiro dos Jerónimos, por ocasião da solenidade da Imaculada Conceição.

“Recuarmos neste ponto seria gravíssima limitação da liberdade autêntica”, acrescentou.

O patriarca alertou para a possibilidade de avanço da "morte, que nem se há de pedir nem jamais se há de dar a ninguém".

"Entreabrir-lhe a mais pequena brecha seria rapidamente escancarar-lhe a porta larga das mais graves consequências”, assinalou.

A preocupação foi repetida no final da Missa, em declarações aos jornalistas: "Se a gente vai abrir esta porta, onde é que ficamos nós e, sobretudo, onde é que ficam os outros?".

O responsável católico realçou que a "eutanásia não elimina apenas a dor, elimina a vida".

O cardeal-patriarca de Lisboa sustentou, por isso, a necessidade de "mais companhia, mais presença", recordando as posições já assumidas, em nota pastoral, pela Conferência Episcopal Portuguesa contra a legalização da eutanásia.

A celebração no Mosteiro dos Jerónimos, com a ordenação de um padre e cinco diáconos, representou a conclusão do Sínodo Diocesano, sendo por isso a ocasião escolhida para a apresentação da Constituição Sinodal, resultante dos trabalhos da assembleia consultiva da última semana.

D. Manuel Clemente, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, sublinhou a importância de defender a vida “do nascimento ao crescimento, até à morte natural”.

O patriarca de Lisboa propôs “mais presença e companhia” por parte das comunidades católicas, em particular junto de quem mais sofre, procurando alargar o “manto protetor” para quem sofre.

Em relação ao Sínodo diocesano, o cardeal falou da importância de assumir este “conjunto de opções” em comunidade e “em crescimento na fé”.

“Só em conjunto faremos o que devemos”, realçou.

OC

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Agência ECCLESIA

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