Francisco aborda polémicas em entrevista a jornal católico italiano
Cidade do Vaticano, 18 nov 2016 (Ecclesia) – O Papa reagiu em entrevista divulgada hoje às críticas de quatro cardeais ao seu pontificado, considerando que a Igreja Católica deve rejeitar o “legalismo”.
“A Igreja é o Evangelho, não um caminho de ideias, um instrumento para as afirmar”, referiu Francisco ao ‘Avvenire’.
O pontífice argentino recebeu recentemente uma carta de quatro cardeais, entretanto tornada pública, questionando a exortação apostólica "Amoris laetitia" ("A alegria do amor"), após as duas assembleias do Sínodo dos Bispos sobre a família (2014 e 2015).
Os cardeais Walter Brandmüller, Joachim Meisner, Carlo Caffarra e Raymond Leo Burke dirigiram cinco ‘dubia’ (dúvidas), perguntas formais que procuram determinar se pontos da exortação apostólica vão contra ensinamentos da Bíblia e do magistério dos anteriores Papas no que diz respeito, por exemplo, ao acesso dos católicos divorciados que se voltaram a casar civilmente aos Sacramentos.
"Alguns – pense-se em certas reações à 'Amoris laetitia' – continuam a não compreender, ou branco ou preto, ainda que seja no fluxo da vida que se deve discernir", diz o Papa, sem mencionar diretamente quaisquer nomes.
Francisco sustenta que é necessário “distinguir o espírito com que se manifestam as opiniões”, porque algumas críticas ajudam a avançar, mas outras servem "para justificar uma posição já assumida, não são honestas, são feitas com espírito mau para fomentar divisão".
"Certos rigorismos nascem de uma falha, do querer esconder dentro de uma armadura a própria insatisfação triste", lamenta.
O Papa afirma que a Igreja "só existe como instrumento para comunicar aos homens o desígnio misericordioso de Deus".
Entre os temas tratados esteve também a recente viagem à Suécia para assinalar os 500 anos da reforma protestante.
“O proselitismo entre cristãos é um pecado grave, a Igreja não é uma equipa de futebol à procura de adeptos”, refere Francisco.
O pontífice argentino rejeita ainda a acusação de “protestantizar” a Igreja Católica.
"Não me tira o sono. Prossigo no caminho de quem me precedeu, sigo o Concílio" [Vaticano II], observa o Papa.
OC
Notícia atualizada às 15h00