Octávio Carmo, Agência ECCLESIA
O terceiro Ano Santo extraordinário da Igreja Católica está a chegar ao fim. Se levarmos em contar que já há mais de 700 anos de jubileus, percebemos desde logo que foi uma oportunidade histórica. Para lá da mera análise “estatística”, no entanto, percebemos que foi um ano central para definir o pontificado de Francisco em volta da sua palavra-chave: Misericórdia.
A própria compreensão do conceito está em constante aperfeiçoamento, necessariamente. A Teologia tem de estar por dentro da condição humana e ao serviço de cada pessoa, oferecendo respostas às suas buscas existenciais. A misericórdia é particularmente relevante para evitar qualquer atitude de superioridade em relação àquele que pode estar a precisar de auxílio ou numa condição considerada menos digna, qualquer que seja. Do ponto de vista católico, todos, sem exceção, estão necessitados da misericórdia divina.
12 meses passados, obviamente, há muito por fazer. As Portas Santas fecham-se e o mundo continua à espera desta mensagem de misericórdia, concretizada nas mais diversas obras. Uma reserva moral e espiritual num mundo em que a modernidade, tantas vezes, se tem revelado anti-humana, promotora de uma cultura de morte (como lembrava João Paulo II), da ditadura do relativismo (uma denúncia sistemática de Bento XVI) e da cultura do descarte (Papa Francisco).
Não posso deixar de fazer eco de uma reflexão recente, ouvida durante um debate sobre a figura de G. K. Chesterton: esta modernidade suporta mal a crítica. Não quer ser discutida, quer apenas ser absolutizada, divinizada. Quem discordar de algum modo pode estar apenas doente, tomado por uma qualquer “fobia”, porque a modernidade (entenda-se também aqui o tempo que vivemos) é o mais perfeito do mundo. À Igreja Católica compete ser “reserva” de sabedoria, de valores e, claro está, de misericórdia, mesmo quando à primeira vista as suas posições sejam recusadas.
Como dizia o próprio Chesterton, “apenas a Igreja Católica pode salvar o homem da escravidão destruidora e rebaixante de ser filho da sua época”.