Incêndios: Bispos portugueses questionam «arrefecimento» no esforço de prevenção

Igreja Católica recorda «promessas feitas» pelo Governo e mostra-se disposta a colaborar

Fátima, 11 out 2016 (Ecclesia) – Os bispos portugueses alertaram hoje para a importância de não baixar a guarda na prevenção dos incêndios, na sequência dos fogos que atingiram Portugal no último verão.

Numa conferência de imprensa em Fátima, no final da reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, o secretário da CEP sublinhou que “parece haver um certo arrefecimento” no empenho manifestado “pelas entidades governamentais” e “pelas promessas que foram feitas” apenas há alguns meses.

“Que os incêndios arrefeçam está muito bem, mas o assunto em si não pode arrefecer”, apontou o padre Manuel Barbosa, que deu conta também da disponibilidade da Igreja Católica em “cooperar para prevenir calamidades”.

“A Igreja tem uma palavra a dizer pela sua proximidade às populações, pelas suas comunidades, pela ação da Cáritas e outros organismos sociais”, apontou o sacerdote, destacando o contributo que as instituições católicas podem dar também na “formação” cívica das pessoas.

Entre os meses de junho e agosto, Portugal foi palco de inúmeros incêndios, alguns alegadamente com mão criminosa, que causaram a morte a pelo menos quatro pessoas e atingiram mais de 200 casas um pouco por todo o país.

Os fogos mais graves registaram-se nas dioceses do Funchal, no Arquipélago da Madeira, também nas de Aveiro e Viseu, e segundo o último balanço das autoridades, deixaram cerca de mil pessoas desalojadas e consumiram centenas de milhares de hectares de floresta.

“Pode-se dizer que agora os incêndios estão longe, esperemos que nunca apareçam mais e isso tem que ser muito bem preparado, é uma questão que envolve a todos”, reforçou o porta-voz dos bispos portugueses.

Durante a reunião do Conselho Permanente da CEP, os bispos portugueses aproveitaram ainda para saudar novamente a confirmação da visita do Papa Francisco a Fátima, em maio de 2017, por ocasião do Centenário das Aparições.

Uma ocasião “muito importante” que “a Igreja em Portugal”, as “comunidades” portuguesas, “as famílias” devem “preparar em caminhada, para acolher”, reforçou o padre Manuel Barbosa.

Sobre os contornos da visita (datas e locais), o sacerdote frisou que “as coisas ainda não estão totalmente definidas”.

“Esperamos que os organismos da Santa Sé naturalmente apresentem o programa para ser depois concretizado”, salientou.

Outro tema dos últimos dias, a nomeação de António Guterres como secretário-geral da Organização das Nações Unidas, também mereceu reflexão durante esta reunião do Conselho Permanente da CEP em Fátima.

Os bispos manifestaram a sua satisfação pela escolha do antigo primeiro-ministro português, “pela sua competência, pelas suas qualidades pessoais, assim como pela sua experiência internacional em causas humanitárias”, como Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.

O Conselho Permanente da CEP é um órgão delegado da assembleia dos bispos católicos em Portugal, com funções de preparar os seus trabalhos e dar seguimento às suas resoluções, reunindo-se ordinariamente todos os meses.

Durante este encontro, esteve também em cima da mesa a preparação da próxima assembleia plenária da CEP, que vai ter lugar em Fátima entre 7 e 10 de novembro.

Um evento que terá em destaque, entre outros assuntos, a divulgação de uma “carta pastoral sobre o Centenário das Aparições” e de um “documento fundamental” sobre a Catequese.

Os bispos vão também ter a oportunidade de refletir sobre a mais recente exortação apostólica do Papa Francisco, “A Alegria do Amor”, dedicada à Família.

Os trabalhos contarão com a presença de D. Lluís Martínez Sistach, arcebispo emérito de Barcelona e com experiência feita no Conselho Pontifício para os Leigos.

JCP 

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